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Comprador dribla lista de espera para bolsa Birkin

Por BELINDA GOLDSMITH
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A elegantíssima bolsa Birkin, da Hermès, é tão procurada por mulheres em todo o mundo, que a vêem como símbolo de status, que a maison francesa tem uma lista de espera de dois anos para as interessadas em comprá-la. Ou será que tem mesmo? O esteticista e comprador de artigos de moda Michael Tonello diz que criou um sistema para driblar a tão falada lista e passou cinco anos percorrendo lojas da Hermès em todo o mundo para comprar bolsas Birkin e lucrar com a demanda reprimida. Num primeiro momento ele as vendeu online, mas depois passou a vendê-las diretamente a clientes particulares que não queriam esperar, embora as pessoas saibam que as bolsas Hermès estão entre as poucas marcas cujo valor se conserva ou aumenta com o passar do tempo. Tonello disse que, tendo driblado o "código secreto" da marca, pôde comprar centenas de bolsas Birkin e que a chamada lista de espera não passa de estratégia de marketing. Então qual foi seu truque? "Eu entrava numa loja com uma lista de compras anotada em meu notebook Hermès Ulysses e empilhava echarpes e braceletes valendo cerca de 2.000 dólares. Com isso, parecia que eu era cliente regular da Hermès", disse Tonello à Reuters em entrevista telefônica. "No último minuto, quando estava com tudo pronto para comprar, eu pedia uma Birkin, e a loja geralmente buscava uma de alguma sala dos fundos. Em 2005 eu comprei 130 Birkins em três meses. E você vem me dizer que há uma lista de espera?" Tonello escreveu o livro "Bringing Home the Birkin" (levando a Birkin para casa), lançado este mês, em que narra suas aventuras com a bolsa, e diz que tem recibos que comprovam sua história. Uma representante da Hermès na Austrália disse que a empresa não dará declarações oficiais sobre o livro de Tonello. Ela disse que a administração dos pedidos da bolsa, que é feita à mão em Paris, faz parte do serviço de atendimento aos clientes da Hermès. "TRÁFICO" DE BOLSAS De acordo com Tonello, não existe outra bolsa que exerça a mesma sedução que a Birkin, então faz sentido que a Hermès queira conservar o mistério em torno de sua lista e da disponibilidade da bolsa. "Mas eu viajava a diferentes países, entrava nas lojas, usava minha fórmula de sempre, comprava uma bolsa e voltava para casa com seis ou sete Birkins, várias vezes por mês. É estranho dizer que há uma lista, quando em nove em cada dez lojas eu conseguia sair com uma Birkin", disse Tonello, que vive em Barcelona. A pouca disponibilidade de obter a bolsa garante sua posição de uma das mais cobiçadas do mundo desde que a Hermès a batizou em homenagem à atriz britânica Jane Birkin, em 1984. Os preços variam entre cerca de 9.000 dólares e 34 mil, por uma Birkin de couro de crocodilo. Mas Tonello disse que, depois de algum tempo, começou a se sentir como se fosse traficante de drogas. "Fui à Hermès em Paris demais, talvez, e os funcionários olharam no computador e descobriram quantas bolsas eu já tinha comprado. Me mandaram um fax dizendo, basicamente, que não vão mais vender bolsas para mim." Mas ele diz que não sentirá falta de comprar e vender Birkins. "Não gosto da bolsa. Francamente, não a acho muito prática, e ela é um pouco pesada, mesmo quando vazia."

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