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Competição de Berlim já aponta o melhor filme

Por Agencia Estado
Atualização:

Surgiu o primeiro grande filme da competição em Berlim. É a adaptação do romance Partículas Elementares, de Michel Houellebecq, feita pelo alemão Oskar Rohler. O filme conta a história de dois irmãos que vêm de uma família disfuncional. Ambos procuram desesperadamente o amor e a felicidade. Um é um cientista que pesquisa técnicas artificiais de reprodução humana, sem recurso ao sexo. O outro é obcecado pelo sexo. Ambos sofrem o Diabo mas adquirem uma compreensão profunda do mundo e deles mesmos. Como diz o diretor Rohler, citando Eisenstein, o importante não e compreender o mundo, mas descobrir qual e o lugar que podemos ocupar nele. Pouco antes do filme alemão, Berlim viu, de manhã cedo, o novo filme do americano Terrence Malick, O Novo Mundo. O cineasta é um dos mais prestigiados dos EUA, mas não leva sua carreira pelos parâmetros da grande indústria. Malick faz um filme a cada 10, 15 anos. Este até que foi relativamente rápido, levou menos do que cinco em relação ao anterior. Em geral,são filmes que tratam de temas ambiciosos e difíceis. O Novo Mundo conta a história de Pocahontas, a índia que apaixonou pelo colonizador inglês John Smith, dando origem a lenda sobre a criação do estado de Virginia.O filme reflete o panteísmo lírico do diretor, com cenas que evocam o paraíso perdido. É o mundo dos índios. Os brancos chegam para destruir, mas Malick tenta fugir às simplificações. A paixão de Pocahontas e Smith é fulminante e destruidora. Provoca a destruição da tribo, afasta a princesa do pai e o próprio Smith entra numa espiral selvagem de autodestruição e violência. E há o outro amor, regenerador e completo, que Pocahontas vai assumir por outro homem. No fundo, por outra via, o que Malick quer dizer é o mesmo que Oskar Rohler - qual é o nosso papel no mundo, qual deve ser a nossa expectativa diante da vida. O filme alemão é melhor e mais forte, mas a beleza visual de O Novo Mundo faz do filme de Malick uma experiência visceral. E Malick, na verdade, quer discutir os EUA hoje. Por isso, o choque de culturas deste novo filme lhe pareceu tão interessante. Não podemos começar a América de forma errada, diz um personagem, preocupado com a violência e a incompreensão pelo outro. O recado vale para o aqui e o agora. Urso de Ouro Valeria a pena ter vindo a Berlim, só para o encontro com Sir Ian McKellen. O grande ator inglês recebe hoje a noite o Urso de Ouro especial por sua carreira. A homenagem será seguida pela exibição de Ricardo III. McKellen saiu do armário há bastante tempo e, desde então, assume abertamente que e gay. Não existe tema tabu que não possa ser discutido com ele, desde os da sexualidade ate a situação política do mundo atual.

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