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Companhia italiana de dança, em SP

A cia. de dança contemporânea Aterballetto, uma das mais importantes da atualidade, na Itália e no mundo, se apresenta de terça a quinta, no Teatro Municipal

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois do Rio, de Ribeirão Preto e Porto Alegre, será a vez de São Paulo aplaudir a cia. de dança contemporânea Aterballetto, uma das mais importantes da atualidade, na Itália e no mundo. Desta terça-feira até quinta, 20 bailarinos apresentam-se sob a direção do coreógrafo Mauro Bigonzetti, no Teatro Municipal, com um repertório diversificado que inclui coreografias assinadas por grandes nomes como William Forsythe, diretor do Ballet de Frankfurt, e Jirí Kylián, do Nederlands Dans Theater. A temporada encerra a programação 2002 da Série Antares Dança, que trouxe ao País Bill T. Jones e Rosas da Bélgica, por exemplo. Fundado em 1979, o Aterballetto acumulou rico repertório sob a direção artística de Amadeo Amodio. Em 1996, Bigonzetti, um dos principais bailarinos da companhia, assumiu a direção. Nos últimos seis anos, ele conquistou a crítica com mais de 50 trabalhos que apostam na versatilidade e técnica de seu elenco. Mas a atuação de Bigonzetti ultrapassa os limites da própria companhia. Recentemente, ele criou Vespro, para o New York City Ballet. Em março, ele volta ao Brasil para realizar um trabalho com o Ballet da Cidade de São Paulo. Formado por 20 bailarinos, entre os quais franceses, italianos, belga e dois brasileiros, os irmãos George Oliveira, de 19 anos, e Alexis, de 21, o Aterballetto retorna ao Brasil após 13 anos com quatro coreografias que exigem muita técnica e habilidade para incorporar diferentes estilos. São elas: Steptext, Heart´s Labyrinth, Furia Corporis e Canzoni. "Gosto de balés homogêneos, mas acredito que o público brasileiro vai preferir a diversidade, as surpresas e emoções de cada coreografia", comenta Bigonzetti. A primeira, Steptext, de William Forsythe, com música de J.S. Bach, foi criada especialmente para o Aterballetto e estreou em 1985, em Reggio Emilia, cidade natal da companhia. A obra coloca em cena três homens e uma mulher dançando na ponta. "Essa peça exige técnica pura, força e rigorosa sincronia entre os bailarinos. Para a mulher, ela é muito mais difícil, pois ela é manejada o tempo todo pelos homens como se fosse de borracha. A bailarina tem de ter personalidade forte e muita concentração, pois pode ser perigoso", explica o diretor. "A iluminação e os cenários também são de grande importância em todas as coreografias." Heart´s Labyrinth foi concebido por Jirí Kylián em 1986, em homenagem a uma das bailarinas de sua companhia que havia se suicidado dois anos antes, na região de Reggio Emilia, onde fica o Aterballetto. "Por isso, Kylián achou justo criar esta peça para nós", conta Bigonzetti. "A bailarina envenenou-se e entrou em coma. Kylián passou dois dias olhando para ela nesse estado. Somente no ano passado, ele voltou àquela região." Segundo o coreógrafo, além do sentimento de vazio e profunda tristeza, ele sentiu a urgência de examinar a fundo o que ocorria em sua alma. Com os bailarinos, ele criou uma visualização do que estava em suas mentes e corações. "Em momentos da minha vida como este, é extremamente difícil permanecer racional e também controlar as emoções dentro de um patamar, que a coreografia ganhe estrutura, clareza e equilíbrio. Escolhi deliberadamente músicas de características contrastantes, pois existe uma vasta diferença entre Dvorák e Webern, mas existe um denominador comum ­- um conteúdo emocional muito profundo. Para os bailarinos, é um dos mais difíceis trabalhos que criei, pois requer um perfil técnico bastante alto e uma abordagem de muita maturidade emocional e dramática. Mas, paixão e controle são duas qualidades que podem deixar uma profunda e duradoura impressão no espectador, mesmo que seja difícil unir as duas qualidades no momento do espetáculo", explicou Kylián, em entrevista por e-mail ao Estado. As outras duas peças do programa são de Bigonzetti. Canzoni, traz dez músicas dançadas por trios, duplas ou solos, incluindo Lindeza, de Caetano Veloso (dançada pelo brasileiro George), e Naquela Estação, de Adriana Calcanhotto. Além de Jamiroquai, Nick Cave, Marie Boine e David Byrne. Com 43 minutos de duração, as coreografias "são apresentados como flashes". George Oliveira conta que, neste trabalho Bigonzetti deixou os bailarinos muito à vontade para participar da criação e expor a própria personalidade. "Esta é uma peça de 1997 e não tem segundo elenco", diz o diretor da companhia, que é fã da música brasileira, especialmente de Vinícius de Moraes, Bethânia, Tom Jobim, Tom Zé e Carlinhos Brown, além, claro, de Caetano e Adriana Calcanhotto. Em Furia, de 1998, Bigonzetti alia sensualidade a movimentos marcados "como a batida do coração". Ele explica que nos escritos sobre a arte dos sécuos 15 e 16, fúria significava fogo, paixão, delírio. Ou seja, um espetáculo de sentimentos permeados pela luz e pela 9.ª Sinfonia de Beethoven. Nas apresentações na cidade, o Aterballetto vai mostrar dois programas. O primeiro inclui Heart´s Labyrinth, Steptext e Canzoni e será mostrado terça e quinta. No segundo programa, Canzoni será substituída por Furia Corporis, na quarta-feira. Serviço - Aterballetto. De amanhã a quinta, às 21 horas. De R$ 20,00 a R$ 110,00. Teatro Municipal. Praça Ramos de Azevedo, s/n.º, tel. 222-8698

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