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Cultura, comportamento, noite e gente em São Paulo

Como venci o Coronavírus nos anos 80

De repente, o Senhor Miyagi aparece na minha frente como em um flashback e me aconselha a usar o 'Golpe da Garça' contra o Coronavírus

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Por Gilberto Amendola
Atualização:

Coronavírus, você não me escapa. Te pego lá fora. Na saída da escola. Depois da última aula. Não adianta correr. Nem se esconder debaixo da mesa. Será só eu e você.

E eu, que nunca briguei na rua, que tenho medo de barata e de trovão, vou fechar os cinco dedos da minha mão na sua cara. Vai ser um socão. Desses que tiram sangue do nariz – e que fazem voar os óculos. 

Eu, que nunca briguei na rua, vou fechar os cinco dedos da minha mão na sua cara. Vai ser um socão Foto: Universal Pictures

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A turma vai fechar a rodinha. Bater palmas. A garota mais bonita da escola, a Meg Ryan, vai se impressionar com a minha coragem. Vou me encher de confiança e amarrar uma faixa de kung fu na testa, no maior estilo Chuck Norris nervosão. Neste momento, vou ganhar um piscadinha cúmplice da garota mais bonita da escola, da Kim Cattrall.

Mas... acordei do meu devaneio no meio dessa balbúrdia. 

Distraído, e quem não se deixaria distrair com esse sorriso da Kelly LeBrock, levo um contra-ataque pelas costas. No chão, percebo que perdi um dente da frente. A galera urra de emoção. Limpo o sangue com as costas da mão esquerda e ouço uma voz na minha cabeça.

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O Coronavírus sacode os mullets e arregaça as mangas de um terninho azul (com ombreiras). Ele me chama de fracote com uma voz de dublador da Sessão da Tarde. Ele diz que vai acabar comigo. 

De repente, o Senhor Miyagi aparece na minha frente como em um flashback repentino. O sábio me aconselha a usar o “Golpe da Garça” contra o Coronavírus. 

O mundo começa a passar em câmera lenta enquanto eu preparo o movimento, mas...um rock farofa rouba minha concentração bem na hora de executá-lo.

Acabo de cair de bunda no chão. E o Coronavírus ri com gosto. Aliás, todos em volta estão rindo também – inclusive a garota mais bonita da escola, a Molly Ringwald.

Antes que eu pense desistir, Jean-Claude Van Damme surge no meio da multidão e manda um “retroceder nunca, render-se jamais”.  Me levanto, de pernas bambas, faço um gesto torto de boxeador, no estilo Rock Balboa. A menina mais bonita da escola, a Amanda Peterson, começa a me incentivar. Cheio de coragem, vou pra cima... e sou atingido por um pedaço de pau. 

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A garota mais bonita da escola, a Jennifer Grey, grita que o Coronavírus é um covarde. A turma ao meu redor concorda e começa a me apoiar. O Coronavírus parece descontrolado. Acho que ele vai me matar. Quando o Coronavírus está pronto para me castigar com um golpe fatal, a menina mais bonita da escola, a Brooke Shields, se coloca entre nós dois e começa falar algo mais ou menos assim: “Se quiser bater nele, vai ter que bater primeiro em mim”.

O Coronavírus está mais ensandecido do que nunca. Parece não se importar com nada. Ele vai acabar comigo do mesmo jeito.

De repente, todos os meus colegas de escola repetem o gesto da menina mais bonita do colegial, a Kelly McGillis. Agora, estão todos postados na minha frente e chamando o Coronavírus para a briga.

Injuriado, o Coronavírus cospe no chão e sai correndo. Ele entra em seu carro conversível e amarelo, acelera, canta pneu, e vai embora. 

A turma me carrega pelos ombros. Sou festejado. A garota mais bonita da escola, a Mia Sara, também é carregada pelos ombros.

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Começa a tocar Is This Love, do Whitesnake. Nos encontramos no alto. A câmera se aproxima. Vai acontecer. Eu sempre quis beijar a Winona Ryder.

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