Comédia pega carona em scorsese

Shawn Levy diz que Depois de Horas inspirou Uma Noite Fora de Série

PUBLICIDADE

Por Luiz Carlos Merten
Atualização:

Foram três anos de preparativos - numa entrevista por telefone, de Los Angeles, o diretor Shawn Levy conta o processo de Uma Noite Fora de Série, comédia estrelada por Steve Carell e Tina Fey, que estreia hoje. É domingo, mas ele diz que não se importa. "Minha mulher e minhas três filhas sabem quanto amo meu trabalho. Elas são compreensivas, sabem que, daqui a pouco, serei todo delas." Levy conta que há tempos queria fazer este filme sobre um casal que se promete uma noite de festa. Saem para jantar, mas se esquecem de fazer a reserva. Ao se passar por outra dupla, ambos se veem na mira de armas e é o início de uma noite alucinante. As coisas pioram cada vez mais."Tenho tido sorte na carreira. Fiz dois grandes sucessos de bilheteria, Uma Noite no Museu, 1 e 2, que já se passavam no espaço de uma noite. Gosto de trabalhar com períodos determinados de tempo, durante os quais os personagens passam por mudanças radicais. No caso de Uma Noite Fora de Série, o modelo foi um filme de (Martin) Scorsese dos anos 1980. Era jovem quando assisti a Depois de Horas e fiquei marcado pela dramaturgia do filme. A sucessão ininterrupta de eventos que começa a soterrar o personagem de Griffin Dunne. Foi o meu modelo para a espiral que envolve Steve e Tina."Levy conta que trabalhou seis meses no roteiro e, depois, mais um ano e pouco quando os protagonistas foram escolhidos. "Faço um cinema de ouvido. Por mais que o visual seja importante, e o de Uma Noite foi muito elaborado, o que me atrai é o diálogo e a forma como os atores o dizem. Se você vê aquelas velhas comédias dos anos 1940, o diálogo feito metralhadora é o que permanece até hoje. Quando Steve e Tina deram seu aval, voltei aos diálogos. Eu ouvia a entonação dele, a dela. É uma facilidade que tenho. Os diálogos de Uma Noite no Museu também foram formatados para Ben Stiller."E a elaboração visual? "Uma Noite Fora de Série começa como a história de um casamento meio estagnado. Até o início da noite, evito saturar a tela de cor. O filme tem muito bege, cinza, branco. A partir da cena do restaurante, a cor invade o cenário e o relato. Mesmo que o espectador não tenha consciência disso, inconscientemente a cor está ajudando a contar a história." Esse tipo de preocupação não é exatamente o que se espera de um diretor comercial e, sim, de um "autor". "Você diz a teoria dos autores? Tenho a sorte de fazer filmes comerciais bem-sucedidos e, enquanto isso ocorrer, os produtores e executivos dos estúdios vão me dar liberdade de fazer como quero. Meu cinema é comercial, feito para grandes plateias, mas isso não significa que eu não tenha ideias sobre as pessoas e o mundo. A história de Uma Noite é uma coisa. O tema é o casamento." E o elenco? "Steve, como todo grande comediante, é um ótimo ator dramático. E Tina é múltipla. Doméstica ou sexy, ela é sempre engraçada."

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.