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Começa a temporada Nelson Rodrigues

Estréiam "O Grande Dia" e "Valsa n. 6", as primeiras de uma série de peças do dramaturgo que serão montadas este ano

Por Agencia Estado
Atualização:

No ano passado, Nelson Rodrigues foi o autor brasileiro mais encenado. Dezenas de peças do dramaturgo, morto há 22 anos, estiveram em cartaz em São Paulo e no resto do País. E este ano o ritmo deve se manter. Nesta sexta-feira estréia O Grande Dia, no Teatro Augusta, adaptação de seis contos de A Vida Como Ela É, assinada por Nelson Rodrigues Filho, com Suzy Rêgo, Daniel Boaventura e Ângela Dip. No sábado, é a vez de Valsa n.º 6, monólogo escrito em 1951, que será interpretado pela atriz Rejane Arruda, no papel de Sônia, uma jovem assassinada aos 15 anos. As duas montagens são dirigidas por Marco Antônio Braz, à frente do grupo Círculo dos Comediantes, que há oito anos trabalha com o teatro de Nelson. "O Grande Dia é um bolo de aniversário pelos 90 anos do dramaturgo, embora seja contraditório fazer um bolo para um autor que dizia que sua obra não é bombom com licor", diz o diretor. Se depender de Braz, Nelson terá o mesmo tratamento no teatro brasileiro que Shakespeare recebe nos palcos ingleses. "É importante sempre montá-lo para gerar autores mais novos". Para isso, ele e sua companhia apresentarão quatro peças de Nelson Rodrigues, em esquema de revezamento de sessões, na sala Repertório do TBC. Em maio, estréia O Beijo no Asfalto, e até o fim do ano serão apresentadas Perdoa-me por me Traíres e Viúva porém Honesta. A produção de O Grande Dia envolveu Nelson numa área com a qual ele jamais sonharia: a moda. A idéia foi transpor o tortuoso universo de suas obras para uma coleção de roupas outono-inverno da grife TNG. O estilista responsável pelas criações, Icarius, é enfático: "Nelson entendia muito de moda. Quando descreve uma roupa usa termos como nesga, é impressionante". E é justamente a TNG a patrocinadora de O Grande Dia. A adaptação pretende ser um grande painel de contos rodriguianos. Foram escolhidas seis histórias - cinco delas já foram adaptadas para teatro e televisão. Todas retratam situações amorosas. "É um universo bem diferente das peças porque o final é feliz", diz Braz, que contará com figurino criado pela TNG, e que dividiu o espaço cênico em três planos para costurar sua comédia romântica. Se O Grande Dia reflete o mundo suburbano recheado de encontros e desencontros, Valsa n.º 6 insere-se no que o crítico Sábato Magaldi classificou de peças psicológicas de Nelson Rodrigues, ao lado de A Mulher sem Pecado e Vestido de Noiva. O monólogo, apresentado pela primeira vez em agosto de 1951, foi escrito por Nelson para ser interpretado por sua irmã Dulce. Ela viveu Sônia, que Rejane Arruda viverá na montagem de Braz. No espetáculo, Sônia, uma jovem que morreu aos 15 anos, depois de ser seduzida e esfaqueada pelo homem casado a quem amava, reaparece, já morta, tentando lembrar o que aconteceu. Suas falas supostamente vêm do túmulo e ela passa, em agonia, a recordar o trajeto de sua morte. Serviço: O Grande Dia, dirigido por Marco Antônio Braz, estréia amanhã, no Teatro Augusta, na rua Augusta, 943, (tel.:3151-4141), sexta e sábado, às 21h30, e domingo, às 20h, ingressos R$ 20 (sexta) e R$ 25 (sábado e domingo); Valsa n.º 6, dirigido por Marco Antônio Braz, estréia sábado, no TBC, rua Major Diogo, 315, (tel.: 3115-4622), de quarta a sábado, às 21h, e domingo às 19h. Ingresso R$ 16.

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