24 de novembro de 2013 | 02h21
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No avião a caminho do Rio, Yuri sentou-se ao lado de um brasileiro, e quis a sorte que fosse um brasileiro gaiato. Uma das comissárias de bordo do avião era belíssima e quando começaram a servir o café da manhã antes da aterrissagem no Galeão, Yuri virou-se para seu companheiro de voo e perguntou:
- Como se diz "quero fazer sexo com você" em português?
- Iogurte - disse o brasileiro.
Quando chegou a sua vez de pedir à aeromoça o que queria com seu café, Yuri disse depressa:
- Iogurte!
E a aeromoça:
- Com frutas ou natural?
E Yuri, radiante, se convenceu que estava vindo para o lugar certo.
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Relatório. Mateus não era um simplório. Era um homem inteligente e bem informado. O que não significa que não tenha ficado intrigado, sem saber se era verdade mesmo ou brincadeira, quando sua mulher Dalinda disse que tinha recebido um relatório da CIA a seu respeito.
- Cumé?
- O serviço de espionagem americano tem seguido todos os seus passos.
- Que bobagem é essa, Dalinda? Por que os americanos iriam se interessar por mim?
- Eu pedi.
- O quê?!
- Eu pedi. Gravações 24 horas por dia, todos os dias. Neste momento tem um satélite americano contando os seus fios de cabelo.
- Vai me dizer que a CIA trabalha para você?
- Eles fazem serviço pra fora. Espionam qualquer um, por uma módica quantia. É uma das maneiras que têm de financiar o programa.
- De qualquer maneira, eu não fiz nada suspeito. Eles não tem o que espionar.
- Não é o que diz o relatório.
- Quero ver esse relatório.
- Nem pensar.
- Você está blefando, Dalinda.
- Acredite o que quiser.
Matheus deu uma gargalhada. Com quem a Dalinda pensava que estava tratando? Ele não era um simplório. Mas a verdade é que tem ficado mais em casa, cortou os encontros com a Suzette às quintas-feiras e volta e meia olha para o alto, tentando ver alguma coisa.
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