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Coleção leva a magia dos mitos às crianças

Por Agencia Estado
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Quem foi o primeiro homem? E a primeira mulher? Como surgiram os animais? Para estas questões, não há uma resposta definitiva. Cada povo possui uma maneira única de contar sua história, seus mitos, a história da humanidade. Para trazer a magia dessas histórias para o universo infantil, a Cosac & Naif lançou a coleção Mitos do Mundo, que reconta lendas que há séculos povos diversos passam de geração a geração. Para abrir a coleção, nada melhor do que narrar os mitos dos índios brasileiros. "A cultura indígena é importantíssima e está impregnada em nosso dia-a-dia", conta Betty Mindlin, autora do primeiro volume, O Primeiro Homem e Outros Mitos dos Índios Brasileiros. Resultado do trabalho desenvolvido pela antropóloga há mais de 20 anos, o livro compila narrativas de povos indígenas do País. Para ela, que já publicou vários livros para o público adulto, escrever para crianças é um desafio enriquecedor. "Foi difícil conciliar a narrativa original dos depoimentos com a linguagem para crianças." Escolher o conteúdo foi tarefa mais fácil. "Agrupei as histórias que costumava contar para meus filhos, meus sobrinhos, e eles as repetiam para seus amigos na escola e faziam muito sucesso", relembra. Curiosamente, as histórias que mais agradam ao público infantil estão muito longe dos convencionais contos de fadas. Apesar de conter muita fantasia, a maioria delas poderia parecer estranha para os adultos, com doses de violência, outras aterrorizantes, engraçadas. "As crianças gostam do novo porque ainda não se acostumaram ao lugar comum, não têm preconceitos, como nós adultos. Por isso, elas aceitam com muito mais facilidade as tradições de outras culturas", explica Betty. "Além disso, lidar com imagens terríveis é uma forma de elas vencerem seus medos", completa. O mesmo aconteceu com o segundo livro da coleção, Os Príncipes do Destino, de Reginaldo Prandi, que reconta os principais mitos dos iorubás. Para o autor, que testou o livro em várias escolas, as crianças têm muito interesse pelo assunto e aprovaram o projeto. "Diferentemente dos heróis de contos de fadas, os príncipes africanos são ´levados´, adoram travessuras e brincadeiras que as próprias crianças adoram. Isso os torna muito mais próximos do universo infantil", conta. Além disso, Prandi explica no livro que muitos dos homens e mulheres do povo iorubá foram trazidos para o Brasil nos navios negreiros e seus costumes influenciaram profundamente a cultura brasileira. "Isso fornece uma referência histórica para as crianças." Esse compromisso com a história de cada povo também foi seguido à risca por Betty. "Coletei muitos relatos em várias línguas indígenas e procurei manter a linguagem o mais próximo do original, para não interferir nem simplificar as narrativas", explica. Para a antropóloga, além do papel educativo da coleção seu livro é importante para a afirmação cultural das próprias tribos que contribuíram com suas lendas. "É uma forma de eles preservarem sua cultura, de a representarem nas próprias escolas indígenas para suas crianças." Para o terceiro volume, a professora de literatura Lúcia Fabrini de Almeida está preparando O Cabeça de Elefante e Outras Histórias da Índia, que resgata as principais lendas da mitologia indiana. Em seguida, será a vez de Rodrigo Montoya lançar Histórias da Mitologia Andina. Para Prandi, o fato de a coleção ser tão variada só ressalta a singularidade de cada cultura. "A variedade coloca cada mitologia em pé de igualdade e informa as crianças sem ditar se uma é melhor do que outra." O Primeiro Homem e Outros Mitos dos Índios Brasileiros. De Betty Mindlin. 80 págs. R$ 25,00. Os Príncipes do Destino. De Reginaldo Prandi. Cosac & Naify. 108 págs. R$ 33,00.

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