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"Cole Porter", um musical eficiente

O bom musical Cole Porter - Ele Nunca Disse que me Amava, parte de uma ótima idéia - as mulheres em torno do compositor - mas poderia ser mais curto

Por Agencia Estado
Atualização:

O teatro musical no Brasil vem ganhando desenvoltura e eficiência. Até uns anos atrás, a montagem de musicais era quase sempre pretexto para a exibição de artistas canhestros para espectadores constrangidos. Essa fase está terminando. Os musicais hoje exibem desenvoltura, agilidade e boa produção, requisitos essenciais ao gênero. Cole Porter - Ele Nunca Disse que me Amava, de Charles Moeller e Cláudio Botelho, em cartaz no Teatro Alfa, encaixa-se nessa nova leva de espetáculos. A peça conta a história do compositor norte-americano, autor de magníficas canções, entre elas os eternos clássicos Night and Day, You´re the Top. Os autores tiveram uma ótima idéia: contaram a vida de Porter por meio das mulheres que o cercaram, da mãe à esposa, passando por atrizes e amigas. O espetáculo funciona muito bem. E seria melhor se não fosse seu excesso de ambição. Cole Porter, concebido como um trabalho intimista, com seis atrizes e três músicos, é brilhante em muitos momentos, divertido também, encenado com habilidade. Mas a vontade dos autores de criar uma produção de fôlego, com cerca de três horas de duração, levou-os a esticar desnecessariamente o roteiro. Depois de um primeiro ato fluente, divertido, envolvente, o espectador encontra no segundo ato uma repetição de temas que o torna cansativo e monótono. Os cenários de Moeller, inspirados na geometria de Mondrian, são muito bons. Mas os figurinos muitas vezes beiram o mau gosto. O excesso invade a cena em diversos momentos (as atrizes vestidas de menininhas é um deles), com discutíveis resultados. As passagens bem resolvidas do espetáculo e as maravilhosas canções de Porter garantem o show, assim como o elenco. Ivana Domenico, como Elsa Maxwell, grande amiga do compositor, é uma revelação, a figura mais brilhante em cena. Sua interpretação de Ev´ry Time We Say Good Bye é memorável. Gottsha é outra presença poderosa, dona de uma bela voz, que recria com extroversão a figura da atriz Ethel Merman, uma das favoritas do compositor. Completam o cast Inez Viana, como a mãe de Porter, Ada Chaseliov, como sua mulher, Linda, Alessandra Veney, que vive sua primeira agente, e Stella Maria Rodrigues, como a morte.

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