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Coetzee defende um Nobel para a música

Por Agencia Estado
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O escritor sul-africano J.M. Coetzee ganhador do Prêmio Nobel de Literatura deste ano, e que usa um estilo enigmático para falar de si mesmo, concedeu uma entrevista no domingo, ao jornal sueco Dagens Nyheter. Ele deve receber o prêmio de mais de US$ 1,3 milhão na quarta, data do aniversário da morte de seu criador, Alfred Nobel, em 1896. O autor de O Mestre de Petersburgo, que acaba de ser relançado no Brasil pela editora Companhia das Letras, disse que desde que ganhou o prêmio, em outubro, por seus relatos sobre inocentes, marginalizados e oprimidos pelo peso da história, recebeu uma avalanche de convites para fazer conferências em várias partes do mundo. "Sempre me pareceu um dos lados mais estranhos da fama literária", disse. "Quando alguém demonstra sua perícia em escrever e criar narrativas, as pessoas subitamente exigem que ele faça discursos e diga o que pensa sobre a situação mundial". Segundo Coetzee, que nasceu na Cidade do Cabo, na África do Sul, seus textos e sua forma de pensar são resultado da expansão européia desde o século 17 até o momento atual. "Diria que sou um produto desta expansão, pois meu domicílio intelectual é evidentemente europeu, não africano", disse Coetzee, de 63 anos, que ganhou duas vezes o famigerado Booker Prize, por Desonra e Vida e Época de Michael K, também publicados no Brasil pela Cia. das Letras, que tem ainda em seu catálogo A Vida dos Animais. O escritor disse que lhe parece estranho que não haja um Prêmio Nobel de Música. "A música é mais universal que a literatura, que sempre está presa a uma língua", disse. A academia sueca, que outorga o prêmio, elegeu Coetzee por ser um "escrupuloso acético, implacável em sua crítica do cruel racionalismo e da moralidade cosmética da civilização ocidental".

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