PUBLICIDADE

Cocoricó volta com aventuras na cidade

Fernando Gomes fala do programa e dos seus premiados personagens

Por Thaís Caramico
Atualização:

Você já deve ter ouvido falar do Cocoricó, uma fazenda que existe na cidade fictícia de Cocoricolândia, onde o garoto Júlio conversa com os animais. Há 15 anos no ar, é considerado um dos programas infantis de maior sucesso da TV brasileira. Premiado, é exibido em países como Angola, Moçambique, Venezuela, Argentina, Portugal e Chile. Já levou cerca de 100 mil pessoas ao teatro e 25 mil aos cinemas. Ao Estado, o artista plástico Fernando Gomes, criador do Júlio, fala desse período e revela que, além de dirigir o Cocoricó, acaba de assumir o cargo de gerente de programas infanto-juvenis da TV Cultura, criado especialmente para ele.Em 2011, o Cocoricó completa 15 anos e você acaba de ser escolhido para gerenciar os programas infanto-juvenis da TV Cultura. Como é isso?Meu grande sonho agora é conseguir retomar as produções locais e apostar nisso, como foi na época do Glub-Glub, do X-Tudo. Claro que os projetos grandes serão bem-vindos, mas desde que sejam reais e executáveis. Minha responsabilidade é ver tudo o que está acontecendo nessa área e pensar na nova grade, que deve sair em março ou abril. E tem novidade de cara: vamos começar a produzir e gravar novo programa em fevereiro para entrar no ar com a nova grade.Que programa é esse?Chama-se Quintal da Cultura, vai amarrar e apresentar os programas pré-escolares da emissora.E o Cocoricó?Este mês começamos a gravar novos episódios do Júlio na cidade, continuação do que foi feito ano passado, e agora comemora os 15 anos da Turma. Gravamos até o dia 15 de julho, se nada der errado, para exibir agora em maio.Antes era na fazenda. Por que agora na cidade grande? Foi uma atualização?O Cocó tem uma coisa fascinante, que é o fato de ser um programa que se passa no campo e é muito legal para quem mora na cidade conhecer um pouco dos bichos, enfim. Mas o contrário também aconteceu. O pessoal queria ter a oportunidade de ver o que não existe no interior, como metrô, um grande estádio de futebol, um bairro japonês...O que muda agora?Não existe mudança. O que vimos é que nos 26 episódios anteriores, vários temas ficaram de fora. Resolvemos, então, continuar essa história em que o Júlio deixa a fazenda para passar férias na casa do primo, João.Que temas são esses?Competição de atenção entre irmãos, popularidade, timidez, consumismo, escovação dos dentes e superação do medo.No ano passado, falava-se que o Cocoricó havia sido dispensado por telefone pela Cultura. O que aconteceu?Sinceramente? Nada! Por isso estourou e acabou. Os jornais me ligaram chocados querendo saber se eu tinha sido mandado embora por telefone. E não foi isso. Quando o último contrato estava acabando, a Cultura me chamou e disse que queria dar continuidade, mas que não sabia ainda se seria possível. No dia 15 de janeiro, como combinado, eles me ligaram e disseram que não seria renovado, como eu já sabia. Mas não teve desonestidade nenhuma, tanto que hoje estamos aqui.Qual o desafio de fazer o mesmo programa há 15 anos e continuar atual?Eu não chamo de desafio, mas não se trata de pretensão. Para qualquer programa infantil que eu fizer, meu objetivo principal é a diversão. E dessa forma, por que não ter diversão mais conteúdo? Vivo em busca de novos caminhos para esses dois assuntos. E a cada temporada do Cocó sempre tem um desejo de pensar em coisas novas. Toda vez que entro no estúdio, eu sinto que há muita o que fazer.O que mudou nos programas infantis desde quando você começou, em 1986?O controle remoto mudou tudo na TV. Eu odeio ficar ditando regras, mas de modo geral, para o público infantil, as ações são mais curtas e mais ágeis. Tem bastante cor e movimento e muita música. Se não for assim, em dois segundos as crianças mudam de canal.E, durante esses anos, o que o marcou muito?Nunca sonhei em conhecer Jim Henson e os manipuladores dos Muppets. Mas em 2007, a TV Cultura fez uma coprodução com a Sesame Workshop e os americanos acabaram escolhendo dois profissionais do Brasil para fazer algumas manipulações. Fiz a oficina e acabei sendo escolhido para dar vida ao Garibaldo. Fui para Nova York aprender como eles faziam e foi muito doido, porque já naquela época eles adoravam o trabalho do Cocoricó e diziam que nem tinham o que nos ensinar. Nunca achei que pudesse conhecê-los, mas fui parar no ninho deles.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.