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Clima de Bienal contamina galerias de arte

São cerca de vinte exposições espalhadas pela cidade, que mostram a vigorosa produção contemporânea, ávida por visibilidade em tempos de Bienal

Por Agencia Estado
Atualização:

Todo o circuito de arte contemporânea entra em ebulição com a proximidade da abertura 26.ª Bienal de São Paulo, no sábado para convidados e no domingo para público, com entrada gratuita. Cerca de 20 mostras, já inauguradas ou prestes a inaugurar, compõem o circuito off-Bienal. O internauta pode seguir o roteiro completo no site Mapa das Artes. Marchands e artistas parecem interessados em unir as forças para criar mostras de maior impacto. Galerias importantes como a Casa Triângulo, a Luisa Strina (que completa 30 anos), a Brito Cimino, a Nara Roesler, a Virgilio e a Baró Cruz optaram por seguir uma estratégia como a das feiras internacionais. Paralela, com curadoria de Moacir dos Anjos, traz trabalhos de cada um dos 160 artistas representados pelas nove galerias envolvidas e ocupa um espaço alternativo na Vila Olímpia. O Rio também organizou sua "paralela", que reúne seis galerias em espaço no Jardim Botânico. O Gabinete de Arte Raquel Arnaud realiza sozinho mostra de grandes dimensões, num grande galpão próximo ao Shopping Morumbi. Arte Contemporânea: uma História em Aberto tem curadoria é de Sônia Salzstein e arquitetura de Felippe Crescenti. Cada um dos 22 artistas representados pela galeria apresentam uma obra pontual de suas carreiras e alguns expõem trabalhos especiais, como Iole de Freitas e Carlito Carvalhosa. A curadora Leonor Amarante criou exposição de caráter um tanto museológico, para a Galeria Bergamin, que refaz cronologicamente a história das Bienais por meio da obra de mais de 40 artistas. O contraponto está na Galeria Vermelho, no evento sem obras denominado Bem-Vindo, com uma proposta ousada, que destaca as expressões híbridas entre vídeo, teatro, dança e artes plásticas. Artistas jovens quebram as amarras institucionais com os projetos inusitados como o do Lord Palace Hotel, no qual artistas ocupam quartos, lobby e corredores do hotel construído na década de 50. Na Garagem, no Espaço Cinco, reúne 35 artistas, entre eles Eduardo Verderame, Laerte Ramos, Marcela Tibone, Mônica Schoenacker e Rosângela Dorázio, mostram o vigor da produção atual e a mostra Heterodoxia, no Memorial da América Latina. Há ainda uma grande mostra de caráter institucional que responde pela dificuldade de atender a demanda por espaço e visibilidade: o Salão do Aberto, criado pela Cooperativa de Artistas Visuais do Brasil em parceria com a Bienal de São Paulo. Uma impressionante mostra de quase 200 obras, assinadas por 21 artistas importantes do cenário inglês, entre eles, Tony Cragg, Damien Hirst, Anthony Caro e Richard Hamilton, traduz a importância da arte da gravura no cenário contemporâneo. A seleção Paper Democracy chega ao Brasil como iniciativa da Cultura Inglesa e do British Council e é exibida no Centro Brasileiro Britânico. O Instituto Tomie Ohtake abre uma grande exposição, reunindo 240 obras, entitulada Sonhando de Olhos Abertos - o Dadaísmo e o Surrealismo na Coleção de Vera e Arturo Schwarz, com trabalhos de ícones do século 20, como Duchamp, Man Ray, Franmcis Picabia, Jean Arp, Marx Ernst, Joan Miró, com curadoria de Tamar Manor-Friedman, do Museu de Israel, onde está abrigada a coleção e adaptação de Luis Cancel. Simultaneamente, o Instituto inaugura a mostra Duas Margaridas e Uma Aranha, do artista carioca José Bechara. As várias faces da arte moderna estão em Encontros com o Modernismo, na Estação Pinacoteca, com trabalhos da importante coleção do Stedelijk Museum de Amsterdã, recheada de nomes grandiosos como Kandinsky, Picasso, Pollock, Lucio Fontana, Mondrian, Barnett Newman e Mark Rothko. O Museu de Arte Moderna de São Paulo inaugura uma exposição para celebrar aos 90 anos de Hércules Barsotti. Trata-se de resgatar a poética de um dos mais importantes artistas construtivos do País, que ao longo de mais de meio século de produção construiu uma poética pessoal, mas marcada pelo que acontecia ao seu redor. Tunga, que não tinha uma individual em São Paulo há dez anos, ocupa o espaço da Galeria Millan Antonio abre seu espaço na Vila Madalena, com duas imensas instalações: Afinidades Afetivas e Laminadas Almas. Tunga fará uma performance dentro da segunda. Uma seleção generosa de trabalhos de Lygia Clark (1920-1988) pode ser vista na Dan Galeria. A exposição é uma espécie de miniretrospectiva que abrange várias questões da produção da artista, sem negar seu caráter comercial. Denise Milan abre, no MAC-USP, a mostra U Ura Muta Uê, parte de um grande porjeto para a reconstituição da mitologia da arte marajoara. Um dos mais destacados representantes da arte contemporânea brasileira, Waltercio Caldas expõe doze desenhos e cinco objetos no Gabinete de Arte Raquel Arnaud sem abandonar questões relativas à construção do espaço e da transparência, base de sua obra desde a década de 70. Em uma paralela das mostras paralelas, a fotografia urbana ganha destaque. Depois de registrar a flora e a fauna de quase todos os parques nacionais, nos últimos dois anos o fotógrafo andarilho Araquém Alcântara ousou enfrentar o Mercado Público Municipal e além de mostra, lança sp450, 18.º livro de uma carreira que vai completar 35 anos em 2005.

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