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Claudia Marchetti abre galeria especializada em gravuras

Espaço é inaugurado na terça, 18, com a mostra 'Tiragem Limitada'

Foto do author Antonio Gonçalves Filho
Por Antonio Gonçalves Filho
Atualização:

Há dez anos, a produtora Claudia Marchetti ajudou a realizar uma exposição memorável no Centro Brasileiro Britânico, Paper Democracy, que, como o próprio nome indica, pretendia democratizar o acesso do público a obras em papel de artistas importantes do cenário internacional, entre eles Peter Blake, Richard Hamilton, Anthony Caro, Tony Cragg e Gary Hume. Essa experiência como coprodutora da mostra, patrocinada pela Cultura Inglesa com apoio do British Council, foi essencial para que ela decidisse abrir a própria galeria, ArtEEdições, que será inaugurada nesta terça com a mostra Tiragem Limitada.

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Como na exposição institucional de dez anos atrás, esta reúne nomes de peso, entre eles os artistas norte-americanos Cy Twombly (1928-2011) e Richard Serra, além dos britânicos Eddie Peake e Sarah Morris. A mostra tem gravuras e objetos desses e de Adriano Costa, Catherine Yass, os irmãos Jake e Dinos Chapman, Mona Hatoum e Rachel Whiteread.

Representante no Brasil de duas grandes editoras de gravura do Reino Unido, a Paragon Press e Allan Cristea Gallery, Claudia Marchetti conseguiu delas obras exclusivas como a série de litogravuras Natural History Parte I: Mushrooms, que Cy Twombly realizou em 1974, e duas caixas com esculturas de Rachel Whiteread que modelam em bronze objetos do cotidiano. A série assinada por Twombly, com dez litogravuras, a exemplo de suas pinturas caligráficas de cores sóbrias, vem carregada de referências do simbolismo romântico que caracterizou sua produção em tela, repleta de citações poéticas a personagens míticos.

Originalmente publicado pela Propyläen Verlag de Berlim em tiragem limitada (98 exemplares), o livro com as gravuras foi transformado por Twomby numa edição especial de 17 exemplares (um deles pertencente à coleção da Tate). Nela, o artista americano interfere nas gravuras, realizando uma collage com desenhos em crayon e fotos (a exemplo de Rauschenberg, Twombly usou a técnica, mas com parcimônia). A série dialoga com a iconografia das obras acadêmicas dedicadas à botânica, embora prevaleça o lado irônico do artista, que associa os cogumelos a outras formas menos convencionais.

A marchande chama a atenção para esse trânsito entre mídias que a gravura permite, democratizando o acesso da arte a novos colecionadores. Além de gravuras em metal e pedra, a exposição traz múltiplos de esculturas (os objetos de Rachel Whiteread), fotografias (de Catherine Yass, que interfere num fotograma da comédia de Harold Lloyd, O Homem Mosca/Safety Last, de 1923) e até lenços, como os do jovem Eddie Peake, que assina 75 exemplares únicos pintados com spray. A peça mais insólita, como era de se esperar, pertence à exilada libanesa Mona Hatoum, conhecida por suas performances radicais (e políticas) em que confronta o público com o corpo. Na mostra há um print em silicone que simula um tapete estampado em forma de tubo intestinal.

Os preços dos trabalhos varia do acessível ao estratosférico. No primeiro caso estão as fotos (edição de 20 exemplares) de Catherine Yass, artista inglesa de 51 anos cuja presença vem crescendo nos museus. No caso extremo estão as gravuras de Richard Serra, produzidas no próprio ateliê do escultor, que podem custar até R$ 120 mil. O set completo das dez litogravuras de Cy Towmbly sai por um pouco menos: R$ 100 mil.

As taxas de importação (49% do valor das obras) explicam esses preços. Claudia adianta que pretende trabalhar com artistas brasileiros, levando obras para o exterior em parceria com outras galerias, como a Mendes Wood, que cedeu seu artista Adriano Costa para a mostra inaugural da ArtEEdições.

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TIRAGEM LIMITADA ArtEEdições. R. Estados Unidos, 1.162, tel. 3031-0142. 18 h/22 h.

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