10 de dezembro de 2012 | 10h29
Nos elencos, atores conhecidíssimos, como Vittorio Gassman, Marcelo Mastroianni, Totò, Stefania Sandrelli, Claudia Cardinale e Lando Buzzanca. Muitos desses atores trabalharam nas obras dos mestres italianos que começavam a dominar o cinema de autor da época, como Federico Fellini, Michelangelo Antonioni, Luchino Visconti. Formavam o star system da Itália, cujo epicentro era Cinecittà, em Roma. Durante sua fase de ouro, o cinema italiano se equilibrava entre obras de grande prestígio artístico e filmes mais populares, que não deixavam de ter inteligência e senso crítico. Há, entre eles, algumas autênticas obras-primas. Grandes autores que se dedicaram quase exclusivamente ao gênero, como é o caso de Mario Monicelli.
É dele "Os Eternos Desconhecidos" (1958), sátira hilariante aos filmes de assalto - há entre eles alguns clássicos, como "O Segredo das Joias", de John Huston, com o qual Monicelli parece dialogar. Se em Huston o tema do assalto frustrado conduz ao trágico, em Monicelli leva à paródia, à ironia, e também à compaixão pela fragilidade dos pequenos. Na história, malandros pés de chinelo tentam assaltar o cofre de uma casa de penhores, entrando pelo apartamento ao lado. O bando é formado por um ex-boxeador, um ladrão aposentado cuja mulher cumpre pena, um fotógrafo trapalhão, um velhinho que só pensa em comer. O especialista em cofres é ninguém menos que Totò, caricatura do "professor" do filme de Huston.
Monicelli mostra como tirar graça de situações aparentemente simples, através de diálogos primorosos e escritos com naturalidade. Neste, como em outros títulos da commedia all''italiana, os personagens falam com seus sotaques e dialetos de origem, compondo o quadro de uma Itália diversificada e contraditória, em que Norte e Sul se desprezam e se atraem. Em filmes cômicos como "Os Eternos Desconhecidos" fica explícita a raiz neorrealista que inspira o diretor.
Será o caso também dos trabalhos de Germi presentes na caixa, partes de uma trilogia siciliana (faltou o último, "Signore & Signori", 1965). "Divórcio à Italiana" (1961) traz o barão Fefé Cefalu (Mastroianni) entediado em seu casamento de 12 anos com Rosaura e apaixonado pela prima Angela (Stefania Sandrelli). Como não há divórcio na Itália, ele não vê melhor solução do que incitar a esposa ao adultério e assim poder matá-la com o atenuante da "defesa da honra". Mas, para isso, terá de tornar-se um cornuto, o que é um anátema na cultura machista da Sicília.
Em "Seduzida e Abandonada" (1964), a questão é outra. A adolescente Agnese (Sandrelli, de novo) é seduzida por Peppino (Aldo Puglisi), noivo de sua irmã mais velha, e fica grávida. O pai, Vincenzo (Saro Urzì, estupendo) quer obrigar Peppino a se casar com Agnese, enquanto arruma um barão falido (Lando Buzanca) para confortar sua filha mais velha. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
CLÁSSICOS DA COMÉDIA ITALIANA
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