Classe teatral repudia nomeação de Falabella

Nomeação de Miguel Falabella como gestor dos dez teatros e seis lonas culturais da prefeitura do Rio pôs em polvorosa os profissionais cariocas

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Por Agencia Estado
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A nomeação do ator e autor Miguel Falabella como gestor dos dez teatros e seis lonas culturais da prefeitura do Rio pôs em polvorosa os profissionais cariocas, que foram pegos de surpresa pela medida. O prefeito César Maia, em e-mail à reportagem, explicou que a indicação serviu "para que houvesse unidade em nossa política para os teatros" e que a escolha deveu-se a "sua capacidade de criar platéias para o teatro". Falabella, realmente, é um dos grandes sucessos de bilheteria e crítica das duas últimas décadas, dirigindo e escrevendo textos como "I>A Partilha e, mais recentemente, South American Way, biografia de Carmem Miranda. Logo após a indicação, o ator deu seus motivos para aceitá-la. "Posso fazer alguma coisa pela população que me fez e hoje não dá mais para viver nesse País sem compromisso social", disse Falabella, adiantando que vai delegar poderes, mas ficar de olho. "As pessoas que não têm oportunidade de assistir a um espetáculo em teatros privados, devem tê-la na rede pública." Falabella fechou-se em copas, mas foi o suficiente para que profissionais cariocas se reunissem para protestar e avaliar suas diferenças. A queixa comum é a falta de uma política ou legislação que impeça mudanças bruscas como essa, já que os teatros estavam cedidos a diretores consagrados, como Moacir Chaves, Charles Moeller e Cláudio Botelho, Elizabeth Savalla e Amir Haddad. Este último, envolvido com a estréia de O Castiçal, de Giordano Bruno, no dia 6 de fevereiro, preferiu não comentar o assunto nem participar das discussões. Já Chaves, que está no Teatro do Planetário e lá apresentou, em 2002, um espetáculo seu, Viver, baseado em Machado de Assis, e convidou os grupos Armazém Companhia de Teatro e Ágora, chegou a demitir-se, mas prometeu repensar essa atitude depois de falar com Falabella e com o secretário Municipal das Culturas, Ricardo Macieiras. "O que está em jogo não é o nome de um gestor, o dinheiro que podemos ou não receber ou uma vitória pontual nossa. O que queremos é uma política que atravesse as administrações municipais e é isso que estará em jogo na minha decisão", contou Moacir Chaves. Ele explicou que ocupar um teatro público teve vantagens - pois permitiu desenvolver um trabalho contínuo - e desvantagens - porque outros patrocinadores o preteriram por outras companhias sem apoio oficial. "Foi exatamente o que aconteceu conosco." A idéia de entregar teatros da rede municipal a diretores vem da primeira gestão de César Maia e impediu que boa parte das salas cariocas fechasse. Segundo Chaves, o contrato prevê a realização de um espetáculo novo e temporadas de grupos convidados, em troca da ocupação do espaço e de uma verba variável. Até aqui, o Instituto Rioarte administrava todo o processo, agora entregue a Falabella.

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