"Circuladô" de Caetano vira especial na TV

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Por Agencia Estado
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Caetano Veloso lançou o disco Circuladô em 1991, exatamente quando o revolucionário Araçá Azul completava 20 anos. E havia pontos comuns entre os dois trabalhos. A mesma dona Edith, que tocava prato no disco de 71, aparecia agora na faixa Boas-Vindas - samba no estilo do recôncavo baiano que Caetano fez em homenagem ao filho que estava pra nascer. Circuladô rendeu, também, um belíssimo show. E é este espetáculo que recheia o especial de Caetano Veloso, que o Multishow leva ao ar hoje, às 21h30. Dividido em três blocos e com duração total de uma hora e meia, Circuladô foi exibido há quatro anos. A versão que vai ao ar esta noite foi "revista e ampliada" e é uma verdadeira viagem pelo universo musical do artista. Infantil - Claro, não poderia faltar uma passagem por Santo Amaro da Purificação, onde ele nasceu. Ao lado da mãe, a poderosa Dona Canô, Caetano fala da infância e das músicas que aprendeu com ela. "Fui inspirado pelo jeito de minha mãe cantar e pelo seu repertório, que tinha músicas como Cabelos Brancos, de Herivelto Martins". Entre as outras influências que cita estão João Gilberto e Bob Dylan. Em Circuladô, ele apresenta a sua bela versão de Jokerman, transformando a balada folk de Dylan numa canção superpercussiva. O especial é como se fosse um resumo do seu livro Verdade Tropical. Caetano fala da amizade e cumplicidade com Gal Costa e Gilberto Gil - aliás, ele gosta de contar uma história que já virou clássica. Quando Gil aparecia na televisão, dona Canô costumava chamar: "Meu filho, venha ver aquele preto que você adora!" Na longa entrevista que permeia o programa, Caetano reflete sobre os festivais da Record, os anos de repressão política, o exílio. Fã confesso de Roberto Carlos, ele conta o quanto foi emocionante receber o "rei" em casa, em Londres. E mais ainda ouvir Debaixo dos Caracóis dos seus Cabelos, que Roberto fez para ele. Segundo Caetano, foi uma real demonstração de solidariedade. Maria Bethania participa do especial Circuladô cantando no Gantois com o irmão, em homenagem à Mãe Menininha. Com Carlinhos Brown, ele cai na folia de Meia Lua Inteira e encerra o especial com o samba-enredo É Hoje, de Didi e Mestrinho. Uma das melhores coisas deste Circuladô, da Conspiração Filmes, é ver Caetano Veloso como nos velhos tempos, solto no palco, dançando, provocando - o que costumava acontecer naquela época em que ainda não havia adotado o estilo cavalheiro de fina estampa, de terno, gravata e gel no cabelo. Caetano em forma, com um bom roteiro (de Arthur Fontes e João Moreira Salles) e direção (de José Henrique Fonseca e Walter Salles) é imbatível.

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