Cinthia Marcelle, outra cara da renovação mineira

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Por Camila Molina
Atualização:

A mineira Cinthia Marcelle, de 35 anos, também é da geração de artistas que teve sua formação nos meados da década de 1990 em Belo Horizonte (quando pouco lá havia de uma cena pulsante) e que cada vez mais vem ganhando destaque no cenário brasileiro. Amiga e colega de Sara Ramo "dos bares, da UFMG" desde que a espanhola se mudou para Minas, ela apresenta agora em São Paulo, com Sara, a instalação A Grande Ilusão, no Galpão Fortes Vilaça (R. James Holland, 71, tel. 3392-3942).Trata-se do terceiro trabalho que as duas, que ainda entre 2003 e 2004 participaram da 1.ª edição da Bolsa do Museu de Arte da Pampulha de Belo Horizonte, já fizeram em colaboração desde 2002. Desta vez elas promovem para o público na obra que fica em cartaz na cidade até 21 de agosto, uma homenagem a Jean Renoir, um "tributo às vanguardas" em trabalho sobre a questão das fronteiras, define Cinthia.Tempo de aprender. Em 2007, a mineira era um dos novos nomes do Panorama da Arte Brasileira do Museu de Arte Moderna de São Paulo que, naquela edição, sob o título Contraditório, tinha a curadoria de Moacir dos Anjos, atualmente, curador-geral da 29.ª Bienal de São Paulo deste ano. Hoje, mãe de Ava, de três meses, do time da Galeria Vermelho, de São Paulo, e depois de uma residência em Londres, a artista também estará nesta edição da Bienal de São Paulo com obras inéditas que ela já exibiu na Inglaterra.Moacir dos Anjos, que acompanha a trajetória de Cinthia desde muito tempo e fazendo também, no ano passado, pós-doutorado pelo Transnational Art, Identity and Nation (Train) na capital britânica, viu por lá a exposição da mineira. "É um trabalho forte e poético, muito bem resolvido plasticamente, com uma capacidade sintética bem próxima da poética de Sara Ramo que merece ser visto aqui", diz Moacir. Ela a convidou para 29.ª Bienal tendo em mente essa obra específica da artista, que tem como título Sobre Este Mesmo Mundo.Como contam Cinthia e o curador, é uma instalação que tem um quadro negro "meio escrito e meio apagado" e, no chão, uma pilha de giz que simboliza o que poderia ter sido escrito. "É um discurso sobre o tempo de aprender", afirma a artista.Ela ainda apresentará um vídeo na Bienal, a partir de setembro. "É como um buraco negro, uma paisagem cósmica, com certo caráter erótico", conta. "A verdadeira política da arte é a experiência com o sensível", afirma, comentando o tema desta edição do evento, a relação entre arte e política.

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