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Cícero Sandroni toma posse hoje na ABL

Por Agencia Estado
Atualização:

A posse do jornalista Cícero Sandroni hoje à noite, na cadeira 6 da Academia Brasileira de Letras, é o penúltimo grande evento da Casa de Machado de Assis em 2003, ano que ficará na história pela quantidade de vagas abertas e de candidatos interessados em entrar para a imortalidade. De março deste ano, quando o crítico literário Alfredo Bosi foi eleito na vaga que pertencia a dom Lucas Moreira Neves, até 18 de dezembro, quando será escolhido o substituto do jornalista Roberto Marinho, que morreu em agosto, terão sido quatro eleições, algumas delas com mais de uma dúzia de escritores pleiteando um lugar entre os 40 acadêmicos. E, se a eleição do substituto de Roberto Marinho, que fecha as atividades de 2003, parece decidida a favor do senador Marco Maciel, mesmo com mais dez candidatos, entre eles o jornalista e escritor Fernando Moraes, 2004 já começa com duas disputas acirradas. No dia 4 de março, a arqueóloga Maria Beltrão, o professor escritor Domício Proença Filho, o crítico e professor Antônio Carlos Secchin e o jornalista Márcio Moreira Alves concorrem à vaga do professor Marcos Almir Madeira, numa eleição sem favoritos. Na semana seguinte, 11 de março, será escolhido o substituto da escritora Rachel de Queiroz. A 13 dias do fim do prazo de inscrições, há quatro candidatos, dois deles dividindo as preferências dos 37 eleitores e do público que não vota, mas torce: o publicitário Mauro Salles e o historiador José Murilo de Carvalho. Marcos Madeira, que conhecia os meandros e inclinações da instituição, costumava dizer que essa popularidade da Academia entre os intelectuais era a medida de seu prestígio na sociedade. Ele, que dificilmente errava prognósticos em eleições, acertando o nome e a votação do vencedor, se orgulharia de ter candidatos tão prestigiados à cadeira que ocupou durante nove anos. Mas dificilmente arriscaria um prognóstico e repetiria o silêncio quanto à vaga de Rachel de Queiroz. No caso de Marco Maciel, ele sugeriu seu favoritismo antes mesmo de o senador declarar-se candidato, mas apostava fichas em Fernando Morais que, mesmo diante de um rival tão forte, segue o ritual da casa, de visitar acadêmicos e freqüentar o Petit Trianon na condição de convidado. Missão - Foi o que fez Cícero desde a adolescência, até por ligações familiares. Aos 18 anos conheceu sua mulher, a escritora Laura Sandroni, filha de Austregésilo de Athayde, que presidiu a Casa durante décadas. Agora ele chega eleito por unanimidade e exercita a humildade, enquanto prepara o discurso de posse em que saudará seus dois antecessores, o jornalista e político Barbosa Lima Sobrinho e o jurista e historiador Raymundo Faoro. "A unanimidade, mais que consagração, é um estímulo para exercer o que Faoro recomendava, um fértil e necessário inconformismo", disse ele na semana passada. "A Academia me dá visibilidade para falar de questões pelas quais lutei toda a minha vida. Não fosse a eleição, jamais teria oportunidade de ser ouvido pelo Estado." O incentivo à leitura, à melhor distribuição do livro (em parceria com instituições nacionais, como o Banco do Brasil) e o ensino da língua e da literatura brasileira desde a escola fundamental são alguns desses pontos. Não é coincidência os acadêmicos terem entregado um documento nesse sentido quando o ministro da Educação, Cristóvan Buarque, visitou o Petit Trianon. Mas Cícero não se alonga nesses assuntos. "Quem ainda não entrou lá deve manter um silêncio obsequioso", ensina. "Não quero estar na Academia para gozar uma glória e sim para trabalhar pela cultura nacional."

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