Cia. Viramundo leva arte e educação às ruas

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Por Agencia Estado
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Benedito é um garoto em pleno vigor físico, que decide finalmente perder a virgindade. Assim, ele procura por Lionor, uma garota bem informada, que logo avisa: não aceita ter qualquer relação sem o uso de um preservativo. Para a surpresa dela, Benedito não conhece nenhuma forma de prevenção contra as doenças sexualmente transmissíveis. Disposto a conseguir todas informações, ele vai atrás da Sinhá Costureira e, no caminho, é tentado pelo Diabo ao mesmo tempo em que seu Anjo da Guarda vem em seu socorro, clareando-lhe a razão. A aventura de Benedito é o tema do Auto da Camisinha, novo espetáculo da Companhia Viramundo da Cooperativa Paulista de Teatro, que estréia domingo, em dois horários, às 11 e às 16 horas. O local é a novidade neste ano do grupo, que vem construindo um repertório com peças que unem diversão e educação: nas ruas de Parelheiros, bairro da zona sul de São Paulo. O palco foi substituído por um ônibus, que vai ficar estacionado no lugar do espetáculo (às 11 horas, será no Largo da Barragem, e, à tarde, no campo de futebol do Bairro Engenheiro Marsilac). E, enquanto a equipe técnica prepara o espaço ao seu redor, de dentro do veículo sai um som espetacular, anunciando um desfile de samba. São os atores que se preparam para contar a descoberta de Benedito. Escrito por José Mapurunga, o auto segue as tradições populares nordestinas ao abordar temas que tenham relação com o cotidiano. O grupo decidiu, portanto, adaptá-lo para a rotina urbana de uma grande cidade, trocando o cordel pelo samba. "Como o público não se sentirá obrigado a ficar caso não goste da apresentação, nossa montagem tem uma proposta irreverente e interativa para propor a reflexão", comenta o ator Alessandro Hernandez, que interpreta o papel principal. Para garantir a atenção do público durante todo o espetáculo, o diretor Valdir Ramos fez uma preparação especial ao longo dos ensaios. "Quando o ator está interpretando em um teatro, tem os espectadores como seus reféns; mas, quando está na rua, ele é que é o refém do público", comenta. "Nosso objetivo é cativar as pessoas que estão ao nosso redor." Para isso, Ramos lembrou constantemente, durante os ensaios, que a dispersão é uma característica da vida das pessoas que moram em grandes centros urbanos. "Como têm muitas preocupações, as pessoas facilmente se desligam daquilo que não lhe interessam." Assim, evitando também criar um espetáculo puramente carnavalesco, Ramos propôs ao grupo a criação de um rito, que acompanha a transformação de Benedito. Também o ônibus não é meramente uma parte do cenário - se funciona também como camarim, o veículo permite, com sua presença, unir as diversas cenas, especialmente nos momentos musicais. O espetáculo tem o apoio do Ministério da Saúde e figura no projeto Auto da Camisinha - Multiplicando para a Vida, que vai realizar um total de dez apresentações de rua na região de Parelheiros (as outras oito vão acontecer durante os domingos do mês de julho), bem como duas oficinas para capacitação de pessoas que vão divulgar, nas comunidades, todos os procedimentos necessários para se evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis, como a aids. No ano passado, o grupo Viramundo realizou outro projeto, também patrocinado pelo Ministério da Saúde, que levou cerca de 7.500 pessoas para assistirem a peça Crácula, um Vampiro em Tempo de Aids, no Teatro Paulo Eiró, em Santo Amaro, fornecendo 12 ônibus por espetáculo. A Cia. Viramundo recebe ainda o apoio do Programa Municipal DST/AIDS da Prefeitura de São Paulo. No elenco, além de Hernandez, estão os atores Andréa Manna, Lincoln Edgard, Liz Nunes, Manuel Boucinhas, Márcio Martins, Renata Bernardis e Teresa Convá, além do mestre de bateria André Perez. O espetáculo conta com o apoio dos Preservativos Prudence. Auto da Camisinha. De José Mapurunga. Direção Valdir Ramos. Duração: 1 hora. Domingo, às 11 horas. Local: Estrada Evangelista de Souza, 225. Largo da Barragem. Parelheiros; às 16 horas, Campo de Futebol do Bairro Eng. Marsilac. Rua Filomena Belmont, 75.

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