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Christie´s e Sotheby´s leiloam obras brasileiras

De hoje a sexta, 22 criações nacionais estarão sob o martelo em Nova York, entre elas Natureza-Morta, de Di Cavalcanti, que pode render até US$ 120 mil

Por Agencia Estado
Atualização:

Vinte e duas obras brasileiras vão a leilão em Nova York, de hoje a sexta-feira. Elas estão entre os 394 lotes de arte latino-americana apresentados na temporada de leilões da primavera promovidos pela Christie´s e Sotheby´s na cidade, o mais internacional dos mercados. A grande expectativa nas duas bolsas de leilão é para dois quadros da mexicana Frida Kahlo (1907-1954) que lideram as estimativas e, prevêem os leiloeiros, podem alcançar entre US$ 800 mil e US$ 1,2 milhão. Há um ano, um auto-retrato de Frida Kahlo, de 1929, foi vendido na Sotheby´s pelo maior preço já pago tanto por uma pintura proveniente de país latino como produzida por uma mulher: US$ 5 milhões. A Sotheby´s está leiloando agora o Retrato de Cristina, Minha Irmã, de 1928, propriedade de um colecionador nova-iorquino. O quadro (óleo sobre painel de madeira, de 79 cm x 60 cm) exemplifica o estilo inicial de Frida. Quando o fez, ela pintava havia apenas dois anos e recuperava-se do acidente de ônibus que comprometeu seu corpo para o resto da vida. É uma obra anterior ao estilo mexicanista da pintora, com uma maneira levemente art déco. Na Christie´s, a obra de Frida posta em leilão é Natureza-Morta com Periquito e Bandeira, de 1951. Pertence a uma corporação mexicana, faz parte do patrimônio nacional do México e, por isso, não pode sair do país de origem. A pequena pintura (28 cm x 40 cm) é testemunho da inspiração que Frida encontrava em seu país. Nele, o México é representado por um arranjo de frutas, um periquito e uma bandeira, compondo uma das últimas e mais impressionantes naturezas-mortas da pintora. Para obras brasileiras, a maior estimativa de preço fica com Natureza-Morta, de Di Cavalcanti (1897-1976), óleo sobre tela pintado em 1956, que pertence a um colecionador do Rio. A Christie´s pretende conseguir vendê-lo por preço entre US$ 100 mil e US$ 120 mil. Entre os trabalhos brasileiros de "alto pedigree", segundo destaca Ana Sokoloff, chefe do Departamento de Arte Latino-americana da Christie´s, também estará em leilão o quadro La Pensé Reveuse, de Cícero Dias, pintado por volta de 1944, quando o artista brasileiro vivia em Portugal. Poucas pinturas de Cícero Dias feitas naquele período são conhecidas, porque a maioria foi vendida e ficou na Europa desde aquela época. Segundo o colecionador paulista que atualmente é proprietário da tela, no ano passado ela foi mostrada ao pintor, em seu ateliê parisiense. Cícero Dias a reconheceu como uma das composições de sua "fase vegetal", em que predominam linhas claramente definidas e formas orgânicas. A Christie´s prevê que La Pensé Reveuse seja arrematada por valor entre US$ 40 mil e US$ 60 mil. Essa é a mesma estimativa para as bandeirinhas de Volpi (1896-1988) no quadro Sem Título, de cerca de 1960, e para Opus n.º 60, uma tela de 1960 de Sérgio Camargo (1930-1990), ambas no leilão da Christie´s. A mesma casa ainda oferece obras de Mira Schendel (1919-1988), Adriana Varejão, Tunga, Regina Silveira, Jac Leirner, Waltércio Caldas, Thomas Ianelli, Noêmia Guerra e Armand Julian Pallière (1784-1862). Na Sotheby´s, Galo, um óleo sobre tela de Portinari (1903-1962) que será incluído no catálogo de toda a obra do pintor, preparado pelo Projeto Portinari, é a obra brasileira para a qual se prevê preço mais alto: entre US$ 50 mil e US$ 70 mil. O quadro está voltando ao mercado de Nova York depois de 12 anos. Seu atual proprietário comprou-o de um colecionador que, por sua vez, a adquiriu no leilão da Christie´s em novembro de 1989. Na Sotheby´s, vão a leilão ainda trabalhos de mais cinco artistas brasileiros: Daniel Senise, Rubens Gerchman, Hélio Oiticica (1937-1980), Sérgio Camargo e Juan León Pallière (1823-1887). Em relação aos leilões realizados em novembro, a participação brasileira está mais reduzida, tanto em número como no valor monetário das peças apresentadas. Há 14 trabalhos de artistas brasileiros na Christie´s e 8 na Sotheby´s. No outono passado, quando foi posto à venda o mesmo número de lotes, havia 24 só na Christie´s e mais 10 na Sotheby´s. A diferença numérica na atual temporada, segundo explica Ana Sokoloff, é porque não surgiram grandes coleções ou espólios formados por obras brasileiras como em leilões anteriores. Como também não existe um número infinito de compradores, a Christie´s editou os lotes de acordo com as perspectivas de mercado, que tem sido mais receptivo a obras contemporâneas.

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