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Chitão & Xororó inaugura HD caipira

Após 30 anos, dupla retorna ao 'Viola Minha Viola'

Por Alline Dauroiz - O Estado de S. Paulo
Atualização:

SÃO PAULO - Para pisar no palco do Teatro Franco Zampari, no centro de São Paulo, e participar do programa 'Viola Minha Viola', o sujeito não pode apenas fazer parte do segmento sertanejo. Como gosta de frisar Inezita Barroso, de 86 anos, anfitriã do programa há quase 31 (a atração faz aniversário no próximo dia 25), é preciso cantar ao vivo e ser caipira "de raiz". "Não pode ter aquela coisa de tecladinho e guitarra nem renegar as origens, como uns já fizeram, dizendo ‘que quem gosta de raiz é tatu’", afirma a apresentadora e folclorista em seu camarim, enquanto toma uma pequena dose de uísque "para melhorar a voz", durante visita do Estado.

 

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Entretanto, a dupla que se apresenta hoje no 'Viola' é, simplesmente, a precursora do estilo "sertanejo pop", a primeira que ousou colocar guitarra elétrica em suas composições caipiras e que, talvez por isso, tenha ficado 30 anos sem aparecer na atração. Paradoxo? Chitãozinho e Xororó, presenças ilustres que inauguram a transmissão em alta definição do programa, garantem que não.

 

"Fomos os primeiros a inovar no gênero, a gravar baladas mais românticas, mas sempre mantivemos o som da viola caipira, a sanfona", diz Chitãozinho à plateia durante a gravação, no último dia 27 de abril. "Nunca perdemos nossa raiz."

 

De fato, no primeiro ano da atração, quando Rubens Moraes Sarmento apresentava o programa ao lado de Inezita, os irmãos participaram de uma das edições. Por que, então, um hiato de 30 anos longe do programa mais sertanejo da TV?

 

"Não sei te explicar", confessa Xororó. "Talvez por falta de agenda. Porque sempre voltamos à raiz. Em 1996, lançamos o disco 'Clássicos Sertanejos', fazemos muitos projetos que têm a ver com o jeitão caipira do 'Viola'", diz o primeira-voz.

 

Chitãozinho conta que o namoro com a Cultura para que a dupla regressasse à atração é antigo, principalmente após o lançamento dos álbuns Grandes Clássicos Sertanejos 1 e 2, em 2007. "Nós gostamos e assistimos ao programa", diz Chitão, no que Xororó completa: "E se esse programa está no ar há 30 anos, é mérito da Inezita, que tem muita sabedoria, entende muito de música caipira."

 

Chitão endossa que não mudar o foco conspirou a favor da longevidade da atração. "A música sertaneja varia, hoje pode estar mais dançante, mas quem gosta de sertanejo não sai daqui", diz o segunda-voz, com o conhecimento de quem já ancorou programas sertanejos na TV, e viu a moda passar.

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Rebu

 

A recíproca desse respeito é verdadeira. "Chegou o dia. Eu não falei pra vocês que eles vinham?", anuncia Inezita, que disse à reportagem ter sido dela a ideia do recente convite aos "meninos". "Eu disse à produção que eles tocavam instrumentos caipiras muito bem. Conheço esses dois desde que eles tinham 10 anos, uma vozinha fiiina e corriam no corredor da rádio. O (cantor) Tião Carreiro ficava braaabo (risos)", lembra. Histórias como essa, aliás, recheiam essa edição do 'viola'.

 

Recebidos com pompa, Chitão e Xororó - que levaram seus equipamentos tecnológicos - causaram alvoroço no auditório, lotado pela 3.ª idade. Com senhores bem arrumados e senhoras maquiadas, vestidas com brilho e adereços country, a plateia é uma das mais animadas da TV brasileira. Sem claque, o público grita, aplaude, pede músicas e dança durante as duas horas de gravação.

 

"Calma, gente, deixa os meninos respirarem um pouquinho. Olha o rebu que vocês fizeram aqui", pede a apresentadora.

 

Bem-humorados, os dois interagiram, explicaram que, por se tratar de show acústico de canções clássicas, 'Evidências', música exaustivamente solicitada, não estava no roteiro e pediam coro. "Sorta a voz como se estivessem no banheiro de casa", pede Chitão, seguido por gargalhadas dos fãs, que transformaram a frente do palco em um grande bailão.

 

Viola Minha Viola. Cultura. Hoje (domingo), às 9h. Reapresentação: Sábado, às 20h

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