
30 de março de 2013 | 02h07
Pulando para o passado, ela emenda com a recriação de Por que Brigamos, um clássico da canção romântica popular (como alguns politicamente corretos preferem), que já tinha cantado na televisão. Versão de Rossini Pinto para I Am... I Said, de Neil Diamond, tem até som de órgão (por Astronauta Pinguim), que remete à jovem guarda e tudo.
Naturalmente, ela vai além de uma provável "fofura" a que muitos a associam, pela delicadeza das composições e pelo jeito elegante e sensual de cantar, e traz um peso de rock com especial relevo para a guitarra de Edgar Scandurra. Além de composições próprias sozinha, Bárbara assina ótimas parcerias com Pélico (que também canta com ela em Roupa Suja, uma das melhores faixas do álbum) e Tatá Aeroplano (Não Tenho Medo da Chuva e Não Fico Só, que também faz duo com ela).
Nas boas letras, dela (como em O Peso dos Erros) e dos parceiros, há flagrantes existenciais, ora melancólicos, ora irônicos. Bárbara também exercita seu lado poliglota cantando (bem) em inglês (I Wonder, Out to the Sun e You Wish You Get It) e francês (Just qu'a la Mort), que faz a gente pensar em Marianne Faithful e Françoise Hardy, pela graça da interpretação.
Uma das faixas mais interessantes é Ugabuga Feelings, em que se destacam o bongô e as maracas de Clayton Martin. A letra bem humorada cita Carlos Imperial e Ataulfo Alves ("Você passa, eu acho graça"), o ritmo tem um acento afro e a introdução lembra Not Fade Away, de Buddy Holly, um dos ídolos dos primórdios do rock. Não é à toa que na introdução da música ouve-se ao fundo alguém dizer de brincadeira "Ei Bo Diddley". Em contraste, no folk Out to the Sun, Barbara canta a letra mínima apenas com cello, violão tocado por ela mesma e sonoplastia de passarinhos.
Outros bons representantes da nova geração - Peri Pane (cello), Regis Damasceno (baixo), Guizado (trompete), entre outros - deixam suas marcas em arranjos que têm uma estética meio retrô, mas com um frescor contemporâneo. A (bela) cara dela. / LAURO LISBOA GARCIA
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