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Chinês desbanca Picasso

Zhang Daqian vendeu US$ 506,7 mi em obras em 2011, superando o catalão

Por KATYA KAZAKINA e BLOOMBERG NEWS
Atualização:

O espanhol Pablo Picasso perdeu seu trono. O artista que mais arrecadou em vendas de obras em 2011 é um chinês: Zhang Daqian (1899-1983), de acordo com a agência de pesquisas francesa Artprice. O total de vendas de obras de Zhang foi de US$ 506,7 milhões; em segundo lugar, outro chinês - Qi Baishi (1864-1957), com US$ 445,1 milhões. Na terceira posição, aparece Andy Warhol (1928-1987), com US$ 324,8 milhões; Picasso (1881-1973) ficou em quarto: US$ 311,6 milhões.Desde 1997, Picasso só não esteve na primeira posição da lista uma vez, em 2007, quando foi superado por Warhol. Ainda assim, mantinha o recorde de maior renda obtida em um só ano de vendas - US$ 362,7 milhões (em 2010). "Era uma questão de tempo. Se você une a abundância de dinheiro na China à cultura de colecionador de seu povo, que é histórica, os novos números são fáceis de explicar", disse Larry Warsh, colecionador de Nova York.O fato é que os dados da Artprice refletem a participação cada vez maior da China no mercado mundial de arte. A renda obtida com vendas de obras em 2011 gira em torno de US$ 11 bilhões; desse total, 39% se deve a compradores chineses - no ano passado, o número era 33%. Os Estados Unidos estão na segunda colocação, com 25%. Segundo Melissa Chiu, diretora do Museu da Sociedade Asiática de Nova York, Zhang é famoso por suas paisagens - e pela variedade de estilos que empregava. Sua obra, ela explica, tem passado por um processo intenso de reavaliação - nos últimos dois anos, quadros como Lotus e Patos, de 1947, tiveram seus valores aumentados em quase 13 vezes. Já Qi dedicou boa parte de sua vida a retratar animais, pássaros e insetos em papel e seda.Lotus e Patos foi vendido por US$ 24,5 milhões pela Sotheby's em maio do ano passado; no mesmo mês, Águia em Um Pinheiro, de Qi, custou US$ 65 milhões a um colecionador chinês. A obra mais cara de artistas ocidentais, 1949-1-N.º 1, de Clifford Still, arrecadou US$ 61,7 milhões em leilão da Sotheby's em novembro."Estes artistas chineses não são muito conhecidos na cena cultural do Ocidente, mas são mestres modernos na China", disse o especialista em venda de obras Martin Bremond. "Se estão no topo, é porque a China é hoje o mercado que mais adquire obras - e os chineses têm particular interesse no trabalho de seus conterrâneos", explicou. Os números corroboram a tese. Dos cem maiores leilões promovidos no ano passado pelas principais casas do mundo, 30 foram realizados em Hong Kong, Pequim e Hangzhou. "Os heróis ocidentais não são heróis para os chineses", disse Warsh. "Há uma demanda interna na China por seus próprios heróis culturais. E eles estão nascendo."

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