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China expões seus guerreiros de terracota

Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil recebe aquele que é considerado um dos grandes tesouros arqueológicos da humanidade, os Cavaleiros de Xi´An, que estarão na mostra China: Guerreiros de Xi´An e os Tesouros da Cidade Proibida aberta hoje para convidados no Pavilhão da Oca, no Parque do Ibirapuera. Além de 13 das milhares de peças feitas em terracota a mando de Qin Shi Huangdi, o primeiro imperador chinês, que unificou a China em 221 antes de Cristo, também foi trazida ao País uma seleção de centenas de peças arqueológicas, objetos históricos e obras de arte, que revelam em todo o esplendor como é sólida, estável e impressionantemente rica a cultura chinesa. As peças mais antigas da exposição têm 7 mil anos de existência, mas o núcleo central da mostra refere-se apenas aos cinco milênios que já duram a civilização chinesa. Para conseguir traçar esse panorama - que evidentemente é bastante genérico e pontuado por escolhas às vezes aleatórias, às vezes imprescindíveis, feitas pela equipe de curadores chinesa e brasileira -, foram necessários três anos de trabalho intenso, várias viagens e a colaboração indispensável de duas instituições museológicas da China. A exposição tem dois eixos centrais. O mais fascinante deles é aquele que se refere à base dessa civilização, as esculturas e os objetos cedidos pela associação dos museus da província de Xaanxi, que abriga a cidade de Xi´an e seu imponente exército de terracota. A visão de 13 dessas peças (esse é o maior número de peças já emprestado para uma única exposição sobre o achado arqueológico e a primeira vez que ele é exibido no hemisfério sul) não apenas nos remete ao impressionante esforço realizado a partir de 246 a.C, quando iniciou-se a grandiosa tarefa de construir um exército para ser enterrado com o imperador - morto 36 anos depois. Para que se tenha uma idéia da dimensão dessa empreitada, ao todo foram mobilizados 700 mil prisioneiros e trabalhadores de toda a China. E talvez esse mesmo esforço explique o fato de a região ter sido sacudida tempos depois por rebeliões camponesas que a destruíram por inteiro, deixando no entanto intacto o que estava no subsolo. A visão dos cavaleiros e cavalos de terracota, reforçada pela presença de outros objetos cativantes encontrados na região de Xaanxi nos surpreende por evidenciar a riqueza da tradição milenar chinesa, "uma tradição de continuidade única no mundo, uma busca permanente da harmonia, da perfeição, da representação do humano na natureza", resume Christiana Barreto, arqueóloga da BrasilConnects. Objetos de cobre e cerâmica - O luxo e a riqueza das duas últimas dinastias a governar a China, antes de decretada a República, em 1911, também estão representadas na exposição. Além dos objetos pertencentes à era Ming e Qing (1368-1644 e 1644-1911), há também alguns objetos antigos, que pertencem ao acervo do Museu Imperial como algumas peças em cobre e cerâmica. Mas o forte desse segmento - em cuja cenografia predomina o vermelho, cor das muralhas da Cidade Proibida, em contraste com o cinza dos andares inferiores e que lembram exatamente a cor dos sítios arqueológicos - é exatamente seu desejo de ecoar os modos e costumes do império chinês. Há uma subdivisão em cinco módulos: símbolos da autoridade imperial; vida cultural; vida cotidiana; entretenimentos e armas. O luxo das vestimentas e a sofisticação técnica dos artesãos é algo surpreendente. Merecem atenção, por exemplo, o trabalho em madeira executado na sala de estudo do imperador, remontada aqui, ou a impressionante pintura em seda na qual o monarca é retratado retornando ao Palácio após uma inspeção no sul do País. Um trabalho com tamanha riqueza de detalhes (as figuras pintadas compõem ideogramas em louvor do imperador) e esmero que temos dificuldade de entender como um processo coletivo de criação. Entre os destaques enviados pelo Museu Imperial estão também uma das salas do trono usadas pelos imperadores (eles costumavam variar de local dentro da gigantesca Cidade Proibida) e uma maquete dessa pequena cidade dentro de Pequim - divulgada pelo cinema por Bernardo Bertolucci em seu O Último Imperador. Um conselho para quem for à exposição: convém levar um casaquinho, pois o ar-condicionado é gelado. A parceria entre Brasil e China deve render frutos para o País. Até maio, será a vez de os paulistanos admirarem os tesouros chineses (as cerca de 600 peças que vieram foram avaliadas em termos de seguro em US$ 120 milhões). Mas já está em curso a preparação de uma exposição sobre meio ambiente e arte brasileira, a realizar-se em 2004 num pavilhão da Cidade Proibida. E a dose deve ser repetida em 2008, quando Pequim abrigará as Olimpíadas. Guerreiros de Xi´An e os Tesouros da Cidade Proibida. De terça a sexta, das 9 às 21 horas; sábado e domingo, das 10 às 21 horas. R$ 3,50 (estudantes) e R$ 7,00. Entrada franca para menores de 5 anos e pessoas com mais de 65 anos. Agendamento pelo 3253-7007. Parque do Ibirapuera -Pavilhão Oca. Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n.º, tel. 5549-9688. Até 18/5. Abertura hoje, às 20h, para convidados

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