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Chico Buarque quer jogar futebol em Paraty

Uma das estrelas da 2.ª Flip, ele quer reunir em campo escritores como o americano Paul Auster e o brasileiro Marcelino Freire. Veja Galeria

Por Agencia Estado
Atualização:

A festa é literária, mas o escritor e compositor Chico Buarque de Holanda, uma das estrelas do encontro internacional que começou ontem em Paraty, não consegue se desvencilhar de uma de suas maiores paixões: o futebol. Como faz no Rio, ele organiza uma partida para a tarde de sábado, quando pretende reunir desde o americano Paul Auster até o brasileiro Marcelino Freire. O amistoso será realizado em um clube da cidade e não será permitido o acesso do público para evitar tumulto. Chico ainda não chegou à cidade, ao contrário de outro grande nome nacional da 2.ª Festa Literária Internacional de Paraty (Flip): Caetano Veloso. Ele alugou uma casa na cidade, preparando-se para o encontro que terá hoje, a partir das 19h15, com o angolano José Eduardo Agualusa. Ontem, Caetano encantou o público enquanto passava o som do show que faria à noite. A filha do escritor Guimarães Rosa, a também autora Vilma Guimarães Rosa, abriu ontem a Flip, quando foi homenageada pelo prefeito local, José Cláudio de Araújo. Falando para uma platéia formada por estudantes e moradores da cidade, Vilma lembrou seu pai como um homem de "caráter transoceânico" que estimulava outros autores, um perfeccionista definido por Tristão de Athayde como "tecelão de palavras incomparável". Vilma contou fatos pitorescos da vida de Guimarães Rosa anteriores a seu ingresso no Itamaraty, também lembrado num episódio engraçado na trajetória do autor de Grande Sertão: Veredas. O escritor, segundo a filha, desafiou um de seus examinadores do serviço diplomático, que apontou uma resposta errada no teste de admissão. Inconformado, Rosa insistiu em que sua resposta estava correta. Sem cerimônia, culpou o inquiridor por fazer perguntas "erradas". Sua insistência não deve ser confundida com arrogância. A escritora lembrou que o diálogo interclassista que Guimarães Rosa mantinha com a comunidade de Cordisburgo é uma prova do livre trânsito que favoreceu a literatura de seu pai, um "romântico" capaz de vender o violino que ganhou dos pais para visitar a noiva em outra cidade e andar horas no lombo de um burro para atender, como médico, um doente nas regiões mais miseráveis de Minas.

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