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Charles Wheeler, veterano jornalista da BBC, morre aos 85 anos

Por PETER GRIFFITHS
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A BBC anunciou na sexta-feira a morte de seu correspondente Charles Wheeler, que cumpriu a função por mais tempo que qualquer outro da emissora. Durante seus 60 anos de carreira, Wheeler, que tinha 85 anos, cobriu o escândalo de Watergate, a Guerra do Vietnã e a Guerra do Golfo. Ele testemunhou alguns dos fatos mais importantes do período do pós-guerra, incluindo a revolta húngara de 1956, a ascensão e queda de Richard Nixon e o assassinato de Martin Luther King. Wheeler morreu de câncer pulmonar em sua casa na manhã da sexta-feira, informou uma porta-voz da BBC. Colegas o descreveram como maior jornalista de sua geração e louvaram sua coragem e humildade. "Tanto para o público quanto para seus colegas, Charles Wheeler foi simplesmente uma lenda", disse o diretor geral da BBC, Mark Thompson. "Sua integridade, seu profissionalismo e seu caráter humanitário enobreceram as ondas da BBC por muitas décadas. Ele é simplesmente insubstituível." Nascido em Bremen, na Alemanha, em 1923, Wheeler estudou no sul da Inglaterra e começou sua carreira no jornalismo como office boy no jornal Daily Sketch, que não existe mais, em 1939. Ele entrou para o corpo dos Royal Marines no início da 2a Guerra Mundial e, como falava alemão fluentemente, trabalhou como espião na Europa. Após a guerra, entrou para o Serviço Mundial da BBC e foi correspondente na Espanha e Alemanha. Depois de passagens pela Índia e por Berlim, tornou-se o correspondente da BBC em Washington. Durante os 20 anos nos quais trabalhou nos Estados Unidos, Wheeler cobriu cinco eleições presidenciais, além da Guerra do Vietnã e o movimento pelos direitos civis. Ele também cobriu a Guerra do Golfo, em 1991, e a invasão do Iraque em 2003, quando apresentou um programa da BBC sobre recrutas jovens no Exército dos EUA. Em 2006, recebeu o título de cavaleiro por seus serviços prestados ao jornalismo. Apesar de seu sucesso profissional, Wheeler, que era casado e tinha duas filhas, disse que nunca se acostumou a falar na televisão. "Eu costumava tomar um copo grande de uísque antes de entrar no estúdio, só para não tremer", contou em entrevista à revista Broadcast em 2006. "Até hoje, detesto falar para a câmera. Me sinto tremendamente incômodo. Parece irreal falar para um pedaço de vidro."

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