Centro Cultural São Paulo, um pequeno Pompidou

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Por Agencia Estado
Atualização:

A nomeação de Carlos Augusto Calil para a direção do Centro Cultural São Paulo é um meio de favorecer as atividades audiovisuais, que sempre estiveram em segundo lugar quanto à biblioteca e outros módulos do centro? Marco Aurélio Garcia - Um pouco. O que não significa que vamos esquecer as outras áreas. Eu disse para ele que o Centro Cultural São Paulo era um pequeno Pompidou (Centre National d´Art et de Culture Georges Pompidou, em Paris) - e nem tão pequeno assim -, e ele discordava. Mas Calil levantava só o lado mais nobre do Centro, pois ele abriga o Museu de Arte Contemporânea de Paris. E eu retrucava, pois grande parte das pessoas que vão ao Centro Pompidou são atraídas pela grande biblioteca do lugar, com mais de 500 mil títulos. E lá há pessoas extremamente motivadas pelo lugar, que o freqüentam para estudar, e ler, e fazer uma atividade cultural. Segundo os dados que o Konder (Rodolfo Konder, Secretário de Cultura da gestão de Celso Pitta) me passou, o Centro Cultural recebe 3 mil pessoas por dia, e se isso for certo, é uma brutalidade de gente. Então o que podemos fazer lá: a discoteca, que tem uma parte de difícil acesso por conta dos vinis, deve ser revertida em CD, no que então até podemos contar com iniciativa privada, por exemplo. E porque não criar um selo comercial para esses CDs? E obviamente, o Centro deveria cumprir um papel importante de espaço para o cinema de vanguarda. O Centro tem que servir para isso, pois pode contribuir para a formação de um certo público. Temos hoje uma diversidade cinematográfica muito menor do que o que há 30 anos. Não que não haja obras inspiradas no neo-realismo italiano, na nouvelle vague francesa ou no cinema novo brasileiro, cinema japonês. Não que esses países não despertem mais movimentos, mas houve uma poderosa transformação de industrialização da arte cinematográfica, liderada pelos Estados Unidos. Quando havia uma diversidade de escolha muito grande, isso se refletia também no público. E tem outro aspecto, se você é alguém interessado em literatura e quer ler os clássicos, você vai a qualquer biblioteca e encontra pelo menos os principais entre eles. Agora se você quiser ter acesso à cinematografia clássica, aquela essencial para se conhecer cinema, o acesso é dificílimo. Vou discutir com Calil uma maneira de reverter esse quadro, e tornar o acervo de cinema do Centro consultável.

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