Cenário western e clima de vingança

Saga se assemelha ao western, a história de Max Allan Collins busca a dimensão da infância no universo violentodos gângsters

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Por Agencia Estado
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O enredo do gibi Estrada para Perdição (104 páginas, R$ 16,50) assemelha-se ao do western clássico, com a exploração da saga de vingança, do olho por olho dente por dente. É diferente na inserção de uma iniciação, a do jovem pelo pai, no caminho árido da revanche e da sobrevivência. É totalmente editado em branco-e-preto, em três volumes. O´Sullivan, o Anjo da Morte, é um imigrante irlandês escalado para resolver "casos excepcionais" por um capo gângster, Looney. O matador, apesar de temido, tem uma família idílica, como a de Elliot Nesse no filme Os Intocáveis, de Brian DePalma. Mas um incidente destrói sua "isenção" criminosa: os dois filhos pequenos se escondem no banco de trás do seu carro e testemunham como o pai ganha a vida. A partir daí, O´Sullivan também se torna perigoso para a "família" Looney, assim como seus entes queridos. O Anjo da Morte, então, vira bicho para defender o que pensava intocável. O filho de O´Sullivan sente-se culpado por ter causado a tragédia de sua família e, ao mesmo tempo, é levado a protagonizar um road movie interminável ao lado do pai, rumo a uma cidade chamada Perdição. Nos seus calcanhares, um matador implacável, Harlen The Reporter Maguire (no filme, interpretado por um elogiado Jude Law). "Problemas entre pais e filhos (Michael Sr. & Michael Jr., John Rooney & seu filho Connor), entre o mundo no lar e o mundo do "trabalho", entre bem e mal, entre homens que fingem ser homens de bem e homens que realmente são de bem, entre a cidade chamada Perdição e a perdição como Inferno", escreveu um resenhista americano. Para recriar essa atmosfera que nos comics ficou a cargo de um gênio, o ilustrador Richard Pyers Rayner (que levou quatro anos para concluir a saga), o diretor Sam Mendes foi atrás de um veterano da cinematografia, Conrad L. Hall (nove indicações para o Oscar, duas premiações). Com truques de imagem, ele busca refazer o cenário dos grandes filmes de gângsteres, dos filmes dos anos 40 e também a interseção possível com os quadrinhos de vilões e heróis. Muito jazz de big bands, navalhas afiadas, roupas bem cortadas em alfaiates, becos miseráveis e mulheres ambíguas completam a visão do mundo pós-depressão. Estrada para Perdição, o filme, estreou no dia 12 do mês passado nos cinemas americanos e vem impressionando crítica e público. Max Allan Collins não é um novato no cinema. É também diretor e roteirista de carreira. Foi argumentista da tira Dick Tracy entre 1977 e 1990 e contribuiu com muitos comics, incluindo Batman. Fez sua estréia na direção com o filme independente Mommy (1995).

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