Célia Gouveia dança poema de Drummond

Intérprete-criadora marca sua presença no CCBB com as coreografias Pedra no Caminho e Mãe Tzé Tzá

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Por Agencia Estado
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Célia Gouveia merece atenção. Primeiro por sua carreira, de fazer inveja a qualquer um. Seu currículo na dança começa com parcerias marcantes com Ruth Rachou e Renée Gumiel. Também participou da primeira turma do Centro MUDRA de Maurice Béjart, ao lado de artistas como Maguy Marin. Nesta quarta-feira, ela marca presença na programação do Dança em Pauta, no Centro Cultural Banco do Brasil, em São Paulo, com duas coreografias: Pedra no Caminho e Mãe Tzé Tzá. "Atribuo ao MUDRA a minha formação verdadeira, foi lá que tive contato com a multidisciplinaridade. Tínhamos aulas de ioga, jogos rítmicos e teatrais, danças indianas, entre outras coisas, que marcam o meu trabalho até hoje." A difusão de linguagens também aparece no palco com a presença das artes plásticas, música ao vivo e, claro, a própria dança. Em Pedra no Caminho, Célia parte dos famosos versos de Carlos Dummond de Andrade: "Nunca me esquecerei desse acontecimento na vida de minhas retinas tão fatigadas. Nunca me esquecerei que no meio do caminho tinha um pedra. Tinha uma pedra no meio do caminho. No meio do caminho tinha uma pedra." O ritmo, a modernidade e a repetição, presentes na pena do poeta foram os elementos escolhidos para a montagem da coreografia. O cenário, elaborado pelo artista plástico amazonense Roosivelt Pinheiro, leva o realismo ao palco. Pedras de verdade presas em rede disputam o espaço com os intérpretes Ricardo Fornara, Sandro Willig e Gabriel Bueno. "A literatura é uma expressão artística bem distinta da dança. Busco a fisicalidade e o Ricardo incorporou a linguagem do movimento, executa a coreografia com domínio técnico e fluidez. Uma das minhas montagens preferidas." A música ao vivo assinada por Hélio Ziskind dá o tom. Mãe Tzé Tzá nasceu após uma viagem a Paris realizada por Célia e sua filha, também bailarina, Vânia. "O período de convivência foi intenso, decidimos que faríamos um trabalho juntas. Conseguimos uma sala para ensaio no Teatro Soleil, em Paris, e depois apresentamos o espetáculo, em 1999", conta. No ano seguinte, elaboraram uma nova versão da coreografia que foi apresentada dentro do programa APARTS, de Anne Teresa De Keersmaeker, diretora do Grupo Rosas, na Bélgica. Para esta versão, que será apresentada no CCBB, ocorrerá um verdadeiro encontro de gerações: a mãe de Célia, Odete Villas Boas Gouvea, de 84 anos, acompanhará filha e neta ao piano. "A coreografia trata da transitoriedade da vida, das relações às vezes íntimas outras invasivas, do contemporâneo em oposição ao arcaico. Enfim, uma peça que cria imagens surrealistas, brinca com o real e o imaginário." Serviço - Dança em Pauta. Quarta-feira, às 19 horas. De R$ 3,00 a R$ 6,00. CCBB. Rua Álvares Penteado, 112, São Paulo, tel. 3113-3651. Volta dia 11

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