Cecília Rodrigues inaugura "Pedrarias"

Escultora de jóias abre mostra nesta terça-feira na Galeria Atelier

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Por Agencia Estado
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A joalheira Cecília Rodrigues, que inaugura nesta terça-feira à noite a mostra Pedrarias, está mais para escultora do que designer de moda, que tem por único objetivo atrair a cobiça das mulheres vaidosas. Cada uma de suas peças tem uma história particular, esconde segredos garimpados pacientemente. Partindo de interesses específicos por algum material, técnica ou desenho, ela busca harmonizar aquilo que parecia incompatível. É o caso, por exemplo, da pulseira que criou usando um pequeno retrato de sua filha, esculpido por grandes mestres alemães. A peça é um bom exemplo de seu processo de trabalho. A pequena escultura encrustada é contemporânea, mas tem um tratamento que remete às relíquias antigas. O material que forma o pulso da pulseira se assemelha a um trabalho delicado de incrustação de pedras, mas na verdade é galuchat, material proveniente da pele de uma arraia que só existe no Mar da China, que esteve em voga nos anos 20 e que vem encantando Cecília nos últimos tempos. Fazendo um contraponto com o galuchat (material extremamente duro, que deve ser cortado com serra de diamante), a artista cercou a foto da filha com um verdadeiro trabalho de incrustação de turmalinas azuis. Essas pedras, que também existem no Brasil, vêm atraindo sua atenção. Mas a questão nacional não é necessariamente o motor de seu trabalho. Ela busca inspiração no Mar da China, na tradição japonesa (outro material histórico abraçado por Cecília são os tsuba, sofisticado trabalho em ferro usado desde o século 12 nas espadas japonesas) ou no interior da Amazônia. Isso não quer dizer que não lhe incomode muito o fato de ter de só encontrar as pedras nacionais lapidadas e de boa qualidade no exterior. "É uma perda de divisas impressionante", lamenta. A ousadia de Cecília não é sinônimo de abuso de formas e cores, de concessões fáceis. Muitas vezes um determinado trabalho exige a participação de dezenas de profissionais e vários anos de pesquisa (por isso, ela desenvolve os projetos paralelamente em seu ateliê, confeccionando cerca de 20 peças por mês com a ajuda de uma equipe permanente de cinco joalheiros). Por mais vistosas ou exuberantes, suas jóias - ou pequenas esculturas em pedra e metal - pertencem mais ao universo clássico. É o caso por exemplo da série de peças em ouro, rubi e safira rosa, cujo desenho tem uma certa elegância arquitetônica. Tanto que o anel do conjunto recebeu o título de "Falling Waters", uma homenagem à obra de Frank Lloyd Wright. "Talvez eu seja uma arquiteta frustrada", brinca a ex-administradora de empresas que, há pouco mais de dez anos, decidiu dedicar-se à profissão de joalheira, que acaba de lhe render o que considerou como "a maior homenagem da vida". Ela foi selecionada para participar de um leilão da Christie´s em Nova York, que reuniu o trabalho dos 15 maiores joalheiros contemporâneos, segundo a casa nova-iorquina. Cecília Rodrigues - De segunda a sexta, das 10 às 18 horas. Galeria Atelier. Rua Horácio Lafer, 767, tel. 3849-9393. Até 23/12. Abertura às 17 horas.

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