Cearense Antônio Bandeira ganha retrospectiva no Rio

Obras, fotografias e objetos pessoais do pintor, mais popular fora do Brasil do que aqui, estarão, a partir desta quinta-feira, expostos na galeria Pinakotheke

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Por Agencia Estado
Atualização:

O pintor Antônio Bandeira é mais popular fora do Brasil do que aqui, embora no mercado de arte suas obras se igualem às de Portinari, Pancetti ou Guignard. Para acabar com essa lacuna, a galeria Pinakotheke do Rio realiza, a partir desta quinta-feira, uma retrospectiva de sua obra, acrescida de fotografias e objetos pessoais do artista que, nascido no Ceará, viveu entre o Rio e Paris. "A maior parte desse acervo pertence ao empresário alemão Werner Arnhold. Entre os anos 40 e 60, ele se tornou amigo de Bandeira e comprava quadros sob sua orientação", conta o curador da mostra, Max Perlingeiro. "São obras de seu período abstrato e, para não deixar de fora a fase expressionista, buscamos obras em outras coleções particulares e em acervos públicos." Bandeira nasceu em 1922 e, em 1946, foi viver em Paris a convite do governo francês. Nunca mais voltou definitivamente, passando longas temporadas lá ou cá, entre Fortaleza e o Rio, onde também tinha seu ateliê. De início, sua pintura era figurativa, mas nunca com o forte cunho social de outros modernistas brasileiros, como Portinari e Di Cavalcanti. E, já no fim dos anos 40, voltou-se para o abstracionismo, estilo que o consagrou, embora o tenha afastado do público brasileiro. "Por algum motivo, a arte abstrata só chegou aqui nas Bienais de São Paulo, promovidas por Ciccillo Matarazzo a partir dos anos 50", explica Perlingeiro. "Por isso também, Bandeira nunca se ligou ao abstracionistas brasileiros que vieram depois." Nesta exposição estão quadros importantes como o Auto-Retrato no Espelho, de 1945, e Mulher no Bar, feito três anos depois, já em Paris. Há também aquarelas e têmperas e uma série de fotos cedidas pela atriz Maria Fernanda, que com ele rodou um filme Pheriférie. Catálogos de exposições históricas, como as do Museu de Arte Moderna do Rio, com o qual ele tinha estreita relação, e recortes de jornais e revistas completam a mostra, organizada de forma didática, para que o público carioca conheça a pintura e a biografia desse artista que em vida (ele morreu em 1967) era mais conhecido no exterior que no Brasil. "Ele sempre reclamava disso, embora muitas de suas obras estejam espalhadas pelos museus e outros acervos públicos brasileiros. Só no Ceará há mais de mil delas, doadas pelo artista ou sua família. Ele produzia muito, nos suportes mais variados", adianta o curador. "Desde 2001, realizamos grandes retrospectivas com artistas modernos e, além do público normal de galerias, temos uma forte visitação escolar. Este ano, além de Bandeira, aqui no Rio, vamos fazer, no segundo semestre, em São Paulo, uma grande retrospectiva de Di Cavalcanti."

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