CCSP traz peça que é declaração de amor à arte

O ponto de partida do solo de Lúcia Romano em "Gato sem Rabo", em cartaz no Centro Cultural São Paulo, são textos teóricos de Virgínia Woolf

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Por Agencia Estado
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Coincidentemente, será em tempos de festa da literatura em Paraty a estréia de Gato Sem Rabo, solo da atriz Lúcia Romano, que inicia temporada nesta sexta-feira no Centro Cultural São Paulo. Sob direção de Celso Cruz e Alice K, o espetáculo tem como base duas palestras da escritora Virginia Woolf, escritas em 1928, cujo tema central é a criação literária. Mais especificamente, o quanto a criação artística pode ser transmutadora na vida das pessoas. "Como processo foi um trabalho árduo e muito coletivo, fruto realmente da contribuição de toda a equipe", diz Celso Cruz. "Como resultante, é o que esperamos, não temos certeza ainda, é simples, claro, compreensível e tocante." Em cena, uma palestrante - "não necessariamente Virginia Woolf, deixamos isso em aberto - começa a falar sobre a condição feminina e a literatura. É como se ela estivesse falando para um auditório de mulheres. Mas sabe aquela pessoa que prepara algo para falar, mas no meio do caminho se perde? Ou percebe que o que havia preparado é inadequado para a platéia? Ela começa então a improvisar evocando figuras literárias e incorporando personagens." É o que acontece. Aquela retórica tradicional, organizada, vai cedendo espaço para uma espécie de transe, e ela acaba por vivenciar o que era racional. "Ela sai do trilho da lógica." Por exemplo, há uma personagens fictícia, a irmã de Shakespeare. "Alguém ouviu falar?" - pergunta a oradora. "Não, porque ela não deixou nada escrito". No palco, a atriz acaba por ´trazer´ à cena essa irmã entre outras personagens. Assim, ela começa por falar da condição feminina para acabar abrangendo o ser humano e arte como instrumento de transcendência. "Ela começa falando de homem e mulher, dessas facetas que são consideradas padrões do masculino e feminino - força e delicadeza -, para demonstrar a necessidade de que ambos os sexos desenvolvam essas forças arquetípicas", diz Celso Cruz. "Foi bacana a Lúcia ter chamado a mim para essa equipe que só tinha mulheres. Havia coisas que para mim eram grego, como esse compartilhar de intimidade entre amigas. O processo de criação em si já foi muito rico." Gato sem Rabo. 55 min.10 anos. Centro Cultural SP .R. Vergueiro, 1.000, 3383-3400. 6.ª e sáb., 21 h; dom., 20 h. R$ 12

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