CCSP abre mostra rica e diversa

A atraente exposição que será aberta amanhã reúne trabalhos de sete artistas selecionados para o Programa Anual da instituição e mais dois convidados

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Por Agencia Estado
Atualização:

Será inaugurada amanhã, no Centro Cultural São Paulo, uma das mostras mais diversificadas e atraentes realizadas nos últimos tempos no âmbito do Programa Anual de Exposições da instituição, que já tem 12 anos de vida. O que aparentemente poderia ser um percalço - a inexistência de uma leitura curatorial que una o trabalho dos sete selecionados e dos dois artistas convidados - acabou tornando-se uma qualidade, que reforça a riqueza da produção atual. Dentre os selecionados há o predomínio da imagem fotográfica e de vídeo, como nas obras de Amilcar Packer, Cláudio Elisabetsky, Carlos Lopes e Sandra Schechtman, mas de forma absolutamente pessoal. Enquanto Packer realiza um comentário sobre a irracionalidade do mundo moderno na obra inédita Vídeo #0: Em Repouso, Elisabetsky apresenta uma série de belas fotos difusas, nas quais rompe com todas as regras tradicionalmente associadas à foto de qualidade, como aquela utilizada na publicidade, de onde é oriundo. Mas há também entre os selecionados trabalhos de outra ordem. Lá estão presentes as pesquisas gráficas de Debora Ando, que a partir da sobreposição de planos e linhas vai criando uma sobreposição de planos de sombra e de luz. E a enigmática instalação de Ana Kalaydjian, que criou uma piscina de cimento redonda em pleno CCSP, com mais de cinco metros de diâmetro, que será cheia de café e borra. Além da evidente relação com a idéia de desconhecido, de imprevisível - presente graças à associação com a premonição por meio da leitura da borra de café - ela também lida com a questão do olfato e da transformação permanente desse trabalho, que ao mesmo tempo reflete e absorve a luz. Mesmo entre Albano Afonso e Edith Derdyk, os dois convidados da mostra e que comparecem com trabalhos de grande qualidade, não há diálogo e sim um encontro amigável de duas mostras individuais que compartilham o mesmo espaço. Enquanto Edith traz uma instalação ousada - na qual dá continuidade a seu trabalho de ocupação do espaço pelas linhas num gesto contínuo e repetitivo (que vem desenvolvendo desde 1990), mas também procura encontrar o equilíbrio na tensão de forças opostas -, de sustentação e impacto, e uma série de livros-objeto que vem preparando dentro do projeto da bolsa Vitae, Albano exibe pela primeira vez em São Paulo a série de sete trabalhos que exibiu no início do ano na 3.ª Bienal do Mercosul. Ao sobrepor sua própria imagem (em diferentes versões) a auto-retratos de mestres da pintura mundial, como Poussin, Goya, Rembrandt e Courbet, ele elabora uma terceira imagem, fragmentada e surpreendente, que tira do espectador suas referências de apoio para provocar-lhe um estranhamento que diz muito da nossa época, na qual abundam os recursos tecnológicos e na qual temos dificuldade de indentificar-nos, afirmar-nos em meio a uma overdose de imagens e símbolos. A presença de Afonso nessa exposição também tem um valor simbólico já que foi neste mesmo lugar, como artista selecionado que ele debutou em 1994. "Esse lugar é muito bacana, estou contente de voltar a expor aqui. É praticamente um batismo para todo mundo", diz ele, confirmando na prática a importância desse projeto para a renovação da produção artística brasileira. 2.ª Mostra do Programa de Exposições 2002. De terça a sexta, das 10 às 19 horas; sábado e domingo, das 10 às 18 horas. Centro Cultural São Paulo. Rua Vergueiro, 1.000, tel. 3277-3611. Até 20/10. Abertura amanhã, às 19 horas.

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