Cazuza e Hendrix: os exagerados na tela do Multishow

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Por Agencia Estado
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"Meus heróis morreram de overdose", diz a letra de Ideologia, de Cazuza. Entre os heróis a que se referia está aquele que muita gente considera o maior guitarrista de todos os tempos: Jimi Hendrix. Neste começo de semana, o telespectador vai poder rever Cazuza e seu herói. O Multishow exibe hoje, às 21h30, no Carlsberg Music Live, Jimi Hendrix em Woodstock. E amanhã, no mesmo horário, no Por Trás da Fama, a história de Cazuza. O que difere um programa do outro é, também, a quantidade de material de arquivo. No caso de Hendrix, chega a ser irrisório - um pouco de Woodstock, do Monterrey Pop e não muito mais. E esta é mais uma razão para se aproveitar o pouco que tem. E talvez por serem poucas as imagens do mito é que tenham ficado para sempre na memória dos fãs. Não há como esquecer seu rosto agressivo, agitando a guitarra no ar, abraçando-se a ela e tirando das cordas esticadas uma literalmente incendiária versão do hino nacional norte-americano. Protestos de cá e de lá, mas quando tudo isto virou história, soube-se que não havia nada mais coerente para se fazer naqueles tempos em que a Guerra do Vietnã bafejava os sonhos de uma juventude que estava muito mais em busca de paz e amor - com boas doses das drogas mais variadas. Jimi, filho de um negro e de uma índia cherokee, também tinha estes ideais, embora tenha ido com muita sede no quesito drogas. Morreu com 25 anos, num quarto de hotel em Londres, afogado no próprio vômito, depois de exagerar na dose. Excessos - O exagero que marcou Hendrix foi o mesmo que sempre pautou a vida do garoto Cazuza. Neste caso, há também uma música falando disso. Quando Jimi morreu, em 1970, Cazuza tinha apenas 12 anos. Foi no Colégio Anglo-Americano, com o recreio regado a Rolling Stones, que ouviu pela primeira vez a música do guitarrista e a voz rascante de Janis Joplin. O som de Janis o levou a gostar de blues e dali para Billie Holiday foi um passo. De Jimi, há poucos registros visuais, mas uma infinidade de discos - muitos deles piratas, reuniões de pedacinhos de infinitos restos de estúdio. "Quem morre está feito para o resto da vida", dizia ironicamente. Não há como negar. O programa de Cazuza tem depoimentos de Pedro Bial e do eterno roqueiro Ezequiel Neves (o verdadeiro espírito do grupo Barão Vermelho) - que relembra hits como Codinome Beija-Flor, Exagerado, Por que que a Gente é Assim? Do arquivo, aparecem cenas de apresentações do Barão com Cazuza de vocalista, momentos da carreira solo, inclusive raridades como shows no Circo Voador, um espaço comandado pelo ator Perfeito Fortuna. O Barão acabou em 1985, por incompatibilidade de gênios, se se pode dizer assim. A indisciplina do genial Cazuza não combinava com a responsabilidade de manter em alta a carreira da banda de rock brasileira mais bem-sucedida dos anos 80. É tudo isso que faz de Jimi Hendrix em Woodstock e Por Trás da Fama, com Cazuza, dois programas tão atraentes.

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