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Palco, plateia e coxia

Caverna.Club: Ao redor da rotunda criatura

O que Alfred Joseph Hitchcock fez na vida todos sabem, mas o que deixou de fazer levou para a tumba

Por João Wady Cury
Atualização:

Alfred Joseph Hitchcock não precisou de uma sexta-feira quando nasceu em um 13 de agosto. Não bastasse o 13 e o mês do cachorro louco o inglês debutou para o bailão da vida em um domingo de calmaria na Essex de 1899. O que fez na vida todos sabem, mas o que deixou de fazer levou para a tumba. Ou melhor, sonhos que viraram cinzas e por obra da família boiaram por um tempo nas águas do Pacífico, onde o bom e velho Hitch foi despachado de vez e talvez ainda hoje repouse.

Alfred Hitchcock. Magia e #metoo Foto: TV Land/REUTERS

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QUEM AMA MALTRATA

Hitchcock não era bolinho. Pior, era um filhinho da mamãe, inglesa surperprotetora. Conta ele que, chafurdado no colo dela aos seis meses de vida, foi a mãe quem abriu caminho para a carreira de aterrorizar audiências no cinema: deu-lhe um susto ao gritar um sonoro “boooo”. Em inglês, claro. Difícil acreditar, mas conveniente para explicar muita coisa. O fato não o impediu de ter sempre um olhar para as moças, as primeiras a serem aterrorizadas quando fazia um filme. Sua justificativa era a de que as teteias da época representavam 80% da audiência nos cinemas.

QUEM AMA MATA 

Se maltratava nas plateias, não deixava por menos nos sets. Que o diga a geração de loiras de Hitch, como Eva Marie Saint, Grace Kelly, Janet Leigh, Kim Novak e Tippi Hedren. Muitas arrastaram mágoas por anos. Acusavam o gorducho de maus-tratos e assédio capazes de incluí-lo no top five do #metoo. Tippi (Os Pássaros) sempre falou abertamente sobre os assédios sofridos.

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Não à toa, Larry King, nos final dos anos 90, chegou a reunir algumas delas em seu programa. Parecia um ritual macabro de exumação de um corpo não presente, o de Hitchcock. Pena o vídeo não estar disponível.

QUEM AMA BEBE 

Assim como o número 13 foi um dia bom para nascer, o mesmo número seria marcado como a estreia de Hitchcock no cinema em 1922. O projeto do filme Number 13 naufragou por questões de grana, claro. Há mais de onde saiu isso. O site para fãs The Hitchcock Zone (the.hitchcock.zone) é um exemplo – deixe de lado o oficial, chato de dar dó (alfredhitchcock.com). Enquanto isso permita que a chef Nigella Lawson nos guie na produção do drink preferido de Hitchcock, White Lady. Se é que você me entende.

É JORNALISTA E ESCRITOR, AUTOR DO INFANTIL ‘ZIIIM’ E DE ‘ENQUANTO ELES CHORAM, EU VENDO LENÇOS’

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