Cauã: eu achei que podia ousar

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Por Luiz Carlos Merten
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Cauã Reymond chegou a Jorge Duran por meio de um amigo que era amigo do filho dele. Na cara dura, pediu ao garoto (Paulo) que o apresentasse ao pai. Disse que queria filmar com ele. "O Duran jamais iria me chamar, pois eu era só um garoto de Malhação. Mas fiquei com o maior orgulho do meu trabalho em Ódiquê,de Felipe Joffily, e achei que podia ousar." Duran meio que se esqueceu do episódio, mas depois viu Cauã num filme de José Eduardo Belmonte (Meu Mundo em Perigo) e percebeu que ele não era só um jovem galã global. Cauã tem inteligência dramática, vida interior. Mais importante: consegue expressar isso.O ator admite que experimentou grande estranhamento diante de Não Se Pode Viver sem Amor. Os atores Ângelo Antônio e Rogério Fróes, na pré-estreia realizada na semana passada, no Rio, comentaram com o diretor e disseram que o filme havia "crescido". "Eu também experimentei esse estranhamento", revela Cauã. "Já vi muitos clássicos do cinema, mas não tenho a sua informação nem a do Duran", ele observa. "Sou formado assistindo a Alejandro González Iñárritu e Lars Von Trier. O filme do Duran é outra coisa, inclusive dentro do cinema brasileiro. É o Duran. Foi uma experiência e tanto fazer o filme e agora posso dizer que entrei no espírito da coisa."Ele admite que não sabia o que esperar de Não se Pode Viver sem Amor. "O Duran tem um método que só dele. O Zé (Eduardo Belmonte) gosta de ensaiar e estimula a gente a improvisar. O Duran faz a gente representar a cena de vários jeitos. "Essa foi com raiva, agora quero que você faça com angústia, com doçura, com ansiedade." São coisas tão diversas que a gente nem faz ideia de como ele vai montar o material, mas é o jeito dele de obter a mesma coisa que o Belmonte também consegue."A paixão pelo cinema - e os bons filmes de que tem participado, e vão esculpindo seu prestígio - não impede Cauã de levar a sério o que faz na TV. No cinema, ele tem filmado com autores (Belmonte, Duran, Reichenbach). Agora mesmo, está fechandocontrato para um filme que não diz qual é, mas acha que será muito bacana, "com um diretor com quem sempre quis trabalhar". Quem olha o jeito de garotão, o physique du rôle (à Malhação), não se dá conta do esforço. Na verdade, ele representa muitas vezes contra essa imagem de desejo das garotas. Em junho estreia Estamos Juntos, em que faz um DJ gay (e beija outro homem). A dedicação é total. "Terminei de gravar (a novela) A Favorita numa sexta e no domingo estava filmando com o Duran. Não tive tempo de participar das leituras do roteiro com o restante do elenco. O que eu fazia, nos intervalos da novela, era bater as cenas com o Ângelo (Antônio). Tenho o maior respeito e admiração por ele. Ainda estou aprendendo, mas, sem presunção, acho que já estou descobrindo do que sou capaz."

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