Avenida Paulista, 1.500. Às 17 horas de ontem, o performer australiano Neil Thomas abriu a primeira fresta no papel pardo que cobria as paredes de vidro da "casa-vitrine" onde ele e mais três atores vão "viver" durante 15 dias, observados 24 horas pelo público. Thomas é diretor - e também ator juntamente com Andrew Morrish, David Wells e Nick Papas - da performance Urban Dream Capsule que integra a programação do 6.º Cultura Inglesa Festival, que este ano tem como tema a Austrália. Em poucos minutos o papel que cobria a casa-vitrine foi inteiramente retirado. Carecas, de suspensórios, gravatas vermelhas e ternos nas cores vermelho, rosa e verde, os quatro performers arrancaram os primeiros aplausos do público ao escrever, em português, numa lousa, Boa tarde, São Paulo, seguido do gesto de apresentar sua casa. Em seguida dançaram e fizeram poses para as inúmeras câmeras fotográficas. Como a presença da imprensa dificultasse um pouco a relação com o público passante, Neil arrancou as primeiras gargalhadas da platéia ao escrever na lousa: "Go home now, por favor". Em seguida, escreveu as palavras casa e caminhar, em português, e fez a coreografia da "caminhada". A primeira "sacada" para facilitar a comunicação com o público foi escrever na lousa frases incorretas e pedir ao público para corrigir. Coisa do tipo "você agosta nossa casa?", e depois brincar de "errar" na hora de retirar uma letra conforme "entenderam" ter sido a sugestão dos espectadores. "Eles são muito melhores do que aquela besteira de Big Brother ou Casa dos Artistas. A gente vê logo que são atores, têm malícia", comentou Maurício Nunes, 30 anos, que estava passando pela Paulista. "Sem ter nenhum contato com o som exterior eles conseguem se comunicar. Eles vão ficar muito tempo? Quero voltar mais vezes", diz Juliana Pascoal, 24 anos, que trabalha na Paulista.