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Casa Santos Dumont vai abrigar acervo da Light

Museu da Energia terá 254 mil retratos feitos desde 1899 e peças do século 19 ao 21. O acervo conta a história do gás e da eletricidade em São Paulo

Por Agencia Estado
Atualização:

A vida da cidade em 254 mil retratos feitos desde 1899 e peças do século 19 ao 21 vai ganhar novo endereço com a inauguração, provavelmente em março, do Museu da Energia. O acervo, que conta a história do gás e da eletricidade em São Paulo, funcionará na Casa Santos Dumont, na esquina das Alamedas Cleveland e Nothman, nos Campos Elísios. Dois casarões e um bangalô, construídos a partir de 1890, serão restaurados pela Fundação Patrimônio Histórico da Energia de São Paulo. O valor do projeto não está definido. "É mais um passo na revitalização da região da Luz", diz o secretário estadual da Cultura, Marcos Mendonça. O uso dos casarões, pertencentes à secretaria, foi cedido à fundação por meio de um documento assinado no dia 6. "Eles têm um acervo belíssimo, o da Light, talvez o mais importante da cidade, porque a questão da energia é só o pano de fundo para mostrar cenários e costumes de várias épocas de São Paulo." Além do material fotográfico, há reproduções de postes e lampiões de gás. "Vamos trabalhar a história da energia vinculada à cidade", afirma a presidente da entidade, Vera Maria de Barros Ferraz. Segundo Vera, a casa principal foi de Henrique Santos Dumont, irmão do aviador Alberto, construída entre 1890 e 1894. "Ela é da época da iluminação a gás e foi sendo adaptada a cada avanço da eletricidade. É a própria história da energia", explica. É também uma referência da arquitetura eclética e pode ser mais uma das obras do escritório do arquiteto Ramos de Azevedo. "Todos os dados, desde o projeto, ainda estão sendo levantados." Apenas a fachada e a volumetria do imóvel são tombados. Mas está nos planos da fundação preservar também alguns detalhes internos. Com a fachada cheia de detalhes em relevo, a casa tem ainda molduras de portas entalhadas rebuscadamente e forros e paredes trabalhados com pinturas, além de ladrilhos com desenhos coloridos. Mas o estado dos imóveis, depois de anos de invasões de sem-teto é lastimável. Em março, foram retiradas 300 pessoas que ocupavam os casarões. Já foram removidas 20 caçambas de entulho e lixo, além de muita madeira devorada por cupins ou por fogo ateado pelos invasores, que ainda fizeram divisórias e anexos longe do projeto original que já foram demolidos. Das pinturas - haveria até imagens de Santos Dumont e do 14 Bis - pouco resta. História - Há algumas referências de que o imóvel teria sido do próprio aviador. Mas os estudos feitos pela fundação indicam que foi mesmo do irmão menos famoso. "A família viveu ali até 1923, quando vendeu a casa a Blantina Ratto, que construiu ali o Colégio Staford, que atendeu à elite da época", diz Vera. Com isso, o terreno de 3 mil metros quadrados ficou com duas casas de 900 metros quadrados cada uma, usadas como escola. A dona do colégio também fez, para morar, um sobradinho art nouveau. Há ainda uma construção posterior que seria um teatro pequeno, vestiários e refeitórios. Tudo vai ser ocupado pelo museu. O colégio deixou o imóvel em 1961. Depois, foi da Sociedade Pestalozzi, das Secretarias de Assistência e Desenvolvimento Social e da Cultura. A fundação funciona atualmente num espaço cedido pela Eletropaulo no Cambuci. "Mas é uma área operacional e o acesso do público, principalmente de escolas, é muito restrito", diz Vera. O núcleo da Casa Santos Dumont vai ser o sétimo da instituição, que já tem outros em Salesópolis, Rio Claro, Brotas Santa Rita do Passa-Quatro, Itu e Jundiaí.

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