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"Casa-Grande & Senzala" ganha versão HQ colorida

Por Agencia Estado
Atualização:

O livro Casa-Grande & Senzala, de Gilberto Freyre, ganha edição em quadrinhos coloridos, a R$ 49,00, e tem lançamento nesta terça-feira, no Rio de Janeiro, na Livraria Letras e Expressões (Rua Visconde de Pirajá, 276, Ipanema), com noite de autógrafos do desenhista Ivan Wasth Rodrigues. O livro foi sucesso editorial em 1981, em preto-e-branco, com roteiro de Estevão Pinto, desenho de Wasth e assessoria do próprio Freyre. Seria o primeiro de uma coleção de clássicos brasileiros de Ciências Sociais nesse suporte, da Editora Brasil América (Ebal). Mas a morte do editor Adolfo Aizen e várias crises econômicas interromperam a série no primeiro volume. "Adolfo Aizen tinha lido crônicas de Freyre favoráveis aos quadrinhos para levar certos livros às crianças e a quem não tem tempo de se debruçar sobre compêndios", conta o desenhista Rodrigues. Ele já havia trabalhado com o editor em dois volumes de uma história do Brasil, usando a técnica da aguada. A adaptação não foi fácil, até pelo volume de texto que deveria caber nas 52 páginas previstas para o livro em quadrinhos. Orientado pelo próprio Gilberto Freyre, Estevão Pinto resumiu Casa-Grande & Senzala e Rodrigues pesquisou a imagem que o livro deveria ter. Dos artistas que retrataram os primeiros séculos do Brasil, ele ficou apenas com Jean-Baptiste Debret, pois preferiu beber na fonte dos ilustradores italianos Giorgio Tabet, do Corriere della Serra, e Fortunino Mantania. Pesquisa - "São artistas gráficos com um traço apropriado para o tipo de trabalho que queríamos desenvolver, pois tinham feito muitos livros de história da Grécia e de Roma", lembra Rodrigues. "Levei cinco meses pesquisando e outros três fazendo um esboço em aquarela para só então começar o desenho a traço em preto-e-branco, o mais comum em quadrinhos". Esgotadas as três tiragens iniciais, o livro foi esquecido até este ano, quando se comemora o centenário de nascimento de Gilberto Freyre. Foi quando a ABEgraph e a Letras e Expressões decidiram relançá-lo, agora em cores, como fora o projeto inicial, abandonado por Aizen por ser muito caro. Com o uso do computador, o designer Noguchi (autor, entre outras, das capas dos discos Minas e Geraes, de Milton Nascimento) coloriu os quadrinhos, levando em conta as aquarelas iniciais de Rodrigues. "Na verdade, usei o programa natural painter media, mas pintei cada quadro de acordo com as indicações do Rodrigues", explica Noguchi. "Nos uniformes e roupas usei as cores que ele pesquisou e, nas paisagens, tons suaves que refletem melhor a época retratada no livro, entre os séculos 16 e 18". Rodrigues já tem quase pronto, também em parceria com Pinto, que já morreu, o possível segundo volume da coleção: o clássico Singularidades da França Antártica - A Que Outros Chamam de América, do frade Andrés Tevet, que veio com os invasores franceses, no século 16. "As aquarelas estão guardadas há anos", adianta Rodrigues. "Agora só falta encontrar um patrocinador para fazer o desenho final, imprimir e lançá-lo".

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