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Casa das Rosas opõe artistas e secretaria de cultura

As mudanças propostas por Cláudia Costin para a Casa das Rosas, na Avenida Paulista, encontram resistência de artistas. A intenção da secretária é fazer do local um espaço dedicado à literatura

Por Agencia Estado
Atualização:

A secretária de Estado da Cultura, Cláudia Costin, está enfrentando as primeiras discordâncias públicas por sua política cultural. Será realizado neste sábado, às 11 horas, na frente da Casa das Rosas, na Avenida Paulista, um ato de desagravo contra a decisão de Cláudia de transformar aquele espaço - destinado, desde 1995, à arte contemporânea - num reduto de leitura e literatura. O movimento Casa das Rosas Sim! colhe adesões pela internet e tem à frente uma comissão de artistas, integrada até agora por Aldemir Martins, Antonio Henrique Amaral, Peticov, Boi, Dácio Bicudo, Dudi Maia Rosa, Gilberto Salvador, Guto Lacaz, Ivald Granato, Marcello Nitsche, Maria Bonomi, Silvio Dworecki e Siron Franco. "É natural", reagiu a secretária. "Eles faziam um trabalho muito interessante lá, mas não posso olhar somente para uma equipe, minha responsabilidade é para com a população, não para com um determinado grupo." A secretária diz que a decisão de mudar as funções da Casa das Rosas atende a um projeto de democratização dos equipamentos culturais da Secretaria. Atualmente, ela diz, há seis espaços para a arte contemporânea em São Paulo, e nenhum voltado à literatura. "O tipo de trabalho que eles fazem na Casa das Rosas continuará sendo feito em outros espaços, como o Paço das Artes e o Museu da Imagem e do Som, que estamos reabrindo totalmente reformado", justifica. A Casa das Rosas será reaberta com a nova destinação no dia 23, para coincidir com o Dia Internacional do Livro e do novo slogan da secretaria: "São Paulo, Um Estado de Leitores". Já os artistas descontentes com a mudança encabeçam um abaixo-assinado "contra a transformação da Casa das Rosas em livraria e biblioteca do Imesp (Imprensa Oficial do Estado)". A secretária rebate a afirmação, dizendo que não vai ser uma biblioteca convencional, com livros, mas um espaço multimídia, com computadores e eventos relacionados à literatura e leitura. Novas direções - Cláudia Costin também mudou a direção de alguns dos museus sob sua administração. O MIS, por exemplo, será dirigido por Amir Labaki - a secretária afastou o fotógrafo Marcos Santilli. Sua reabertura será em agosto. Mas a troca mais polêmica aconteceu no Memorial da América Latina: saiu Fábio Magalhães, reconhecido profissional da museologia, e entrou José Henrique Reis Lobo, um político de carreira (veio do interior, de Guaratinguetá) e amigo pessoal do governador Geraldo Alckmin. A intenção é tornar o Memorial uma cabeça-de-ponte para uma estratégia de integração com o Mercosul. A decisão da troca foi do próprio governador. Observadores do movimento cultural analisam de maneiras distintas a ação de Cláudia Costin. Alguns vêem um enfrentamento da secretária com as tradicionais "panelinhas" da cultura, enraizadas em instituições. Outros crêem que ela, por "desconhecimento", procura resultados pragmáticos, em prejuízo dos processos artísticos.

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