Carlos Miele mostra sua faceta de multiartista

Ritual, apresentado originalmente no John F. Kennedy Center for The Performing Arts, de Washington, em abril de 2002, une dança contemporânea, música, videoinstalação e moda

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em um espetáculo que une dança contemporânea, música, videoinstalação e moda, Carlos Miele vai revelar, neste fim de semana, sua faceta de multiartista. Em duas únicas apresentações (sábado às 21h, e domingo às 19h) no Teatro Alfa, o público paulistano poderá ver Ritual, apresentado originalmente no John F. Kennedy Center for The Performing Arts, de Washington, em abril de 2002. "A montagem lá foi mais experimental, orgânico. Aqui fui mais espartano, mais disciplinado", garante Miele, famoso por seu trabalho como estilista à frente da M.Officer. Isso significa que se rendeu à necessidade de ensaios e marcações, e ficou feliz com isso. "Muda o suporte, mas minha história continua lá", garante. Em seu trabalho com a moda, ele sempre mesclou linguagens - sendo várias vezes criticado por isso. "A moda e as artes visuais são muito guetos, fechados e não gostam de misturas de elementos", avalia. E ele, que fez performances, shows e videoarte em plena passarela várias vezes se deparou com a incompreensão. Nem por isso, guarda rancor. "A moda me deu a oportunidade de usar todas as outras plataformas. Sempre trabalhei com o corpo expandido, e a roupa é o que primeiro entra em contato com o corpo", explica. Das artes visuais, onde transita com desenvoltura, Miele diz ter tirado o melhor da liberdade de criação. "Já o palco me trouxe disciplina", avisa. Mas que ninguém espere um espetáculo comportado. Carlos Miele é um alquimista acima de tudo. Aproveita a chance de para levar suas performances à plenitude que o teatro e o tempo (o espetáculo tem uma hora de duração) permitem. São dele o conceito do espetáculo, as performances, os vídeos, os figurinos e a direção. O Ritual que vai se ver aqui é semelhante, mas não igual ao apresentado em Washington. " Pela primeira vez faço uma performance com homens", diz. O espetáculo está estruturado em cinco atos, que em sua maioria resgatam concepções estéticas já vistas por quem acompanha o trabalho de moda de Miele. O primeiro traz os tecidos líquidos, agora usados para simbolizar o nascimento da ´Vênus´, uma vez que trata-se de um show de vida e morte. No segundo, Miele recupera o conceito dos ´Lúciferos´, com roupas de tecidos fluorescentes. No terceiro não há roupa. Só um jogo de corpo e sombras. No quarto ato, traz ao palco a ´roupa de fuga´, criada por ele na época em que o índio Galdino foi queimado por adolescente classe A de Brasília. "É uma roupa para blindar os homeless, roupa à prova de adolescentes perversos", diz. Miele tem por princípio lidar com dualidades - as elites e os excluídos, de preferência. No último ato, faz uma referência ao filme de Peter Greenwich O Cozinheiro, o Ladrão, sua Mulher e o Amante, e promove um ´banquete antropofágico´. A coreografia vem assinada por Daniela Stasi e será executada pelo Balé da Cidade. A renda do espetáculo, que tem ingressos de R$ 20 a R$ 40, será revertida para a União Israelita do Bem Estar Social (Unibes). Ritual encerra um ciclo criativo para Miele, que promete outros projetos em 2004. "Vou fazer meu primeiro longa metragem". E, para não perder o costume, continuará montando uns desfiles em Nova York, onde desde o ano passado apresenta suas coleções. Serviço: ?Ritual?: Espetáculo Multimídia de Carlos Miele Sábado ( 24/05), às 21h e Domingo (25/05), às 18h - únicas apresentações. Censura 18 anos. Ingressos : de R$ 20,00 a R$ 40,00 (preços por setor). À venda nas bilheterias do Teatro Alfa - Rua Bento Branco de Andrade Filho, 722 tel. : (11) 5693- 4000 ou pelo Alfa Ingressos (11) 3331-5937

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