29 de março de 2012 | 03h10
Cada faixa reserva algo peculiar, como ter apenas o bandolim de Hamilton de Holanda (o que não é pouca coisa) acompanhando seu canto em Lágrima (Cândido das Neves) Lenine traz seu suingue para Velho Francisco, uma das duas únicas faixas mais "agitadas" do álbum.
A outra é Carta de Amor - letra e música de Paulo César Pinheiro, alternada com texto de Bethânia e arranjo de Marcelo Costa, com muitas quebras de ritmo, clima e andamento, recado pessoal contra os detratores ("não mexe comigo que eu não ando só"). Com mais de sette minutos, é a faixa mais longa e o arranjo mais inesperado do CD.
Entre mexidas no baú, poema de Fernando Pessoa e inéditas - de Djavan, Jota Velloso, Marino Pinto e Paulo Soledade -, destacam-se três canções preciosas do baiano Roque Ferreira, expondo outras facetas que não a de sambista. Casablanca é dolente, nostálgica, bela como Fado, naturalmente melancólica, com o arranjador Jaime Alem tocando violão e violas. Já Barulho, de letra passional, tem como único instrumento o piano de Vitor Gonçalves.
Há quem tenha prenunciado que Oásis continua com cheiro de Brasileirinho. Na concepção talvez, mas não na sonoridade. Bethânia muda para continuar a mesma. Sóbria, sutil e convicta, com a personalidade intacta.
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