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CANTAR

Coral da Cidade de São Paulo, formado apenas por amadores, abre a temporada com a cantata A Morte de Stepan Razin, de Shostakovich

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Por João Luiz Sampaio
Atualização:

No dia 1.º de maio do ano passado, um grupo de cerca de 70 cantores chegou cedo ao Parque do Ibirapuera, onde às 11 horas da manhã interpretou a Nona Sinfonia de Beethoven. Para boa parte dos corais, já seria um bom dia de trabalho. Mas, após o concerto, dois ônibus já os esperavam do lado de fora do auditório, prontos para levá-los a Paulínia, no interior de São Paulo, onde, às 5 da tarde, subiram ao palco do Teatro Municipal para apresentar Carmina Burana, de Carl Orff. E, entre uma coisa e outra, ainda deu tempo para uma pequena festinha de comemoração pelos dez anos de criação do conjunto. A façanha foi realizada pelo Coral da Cidade de São Paulo; e se torna ainda mais impressionante quando a gente descobre que entre os cantores não há músicos profissionais, apenas interessados em música - estudantes, empresários, vendedores, executivos, médicos. "O entusiasmo do grupo é gigantesco", diz o maestro Luciano Camargo. E o mesmo pode-se dizer da ambição de seus integrantes, que abrem esta semana a temporada 2013 com a cantata A Execução de Stepan Razin, uma das últimas obras de Shostakovich. Hoje, se apresentam no teatro do CEU Butantã; e, no domingo, na Sala São Paulo.O coral surgiu em 2002, quando Camargo voltou de um período de estudos na Alemanha. "Eu regi muitos corais por lá, obras de Haydn, Bach, Mozart, Mendelssohn, muitas vezes em igrejas, com cantores amadores. É uma prática muito difundida na Europa, mas no Brasil não existia. Então, quando voltei, resolvi criar a Associação Coral da Cidade de São Paulo", ele conta. O grupo está aberto a qualquer pessoa interessada, que, sem custos, recebe aulas de teoria musical e técnica de canto, com professores que incluem, além do próprio Camargo, nomes como Francisco Campos, da USP. "O que buscamos é dar informação sobre música, é oferecer uma vivência desse universo. Temos desde estudantes a profissionais liberais, que assinam temporadas de concertos, vão a muitas apresentações, mas querem experimentar a música de outra maneira, sobre o palco."Os concertos também são uma parte importante da associação, sem fins lucrativos - e revelam uma preocupação com o repertório, repleto de obras do grande repertório sinfônico-coral. "Isso é algo que buscamos fazer desde o início, interpretando autores como Mozart ou Haendel, mas também bastante música do século 20, Villa-Lobos, Claudio Santoro, Carl Orff, Shostakovich", explica, contando que para este ano há a intenção de fazer um programa com O Sobrevivente de Varsóvia, de Schoenberg, o que ainda depende de patrocínio.Antes, no entanto, há Shostakovich. Além da cantata, que terá o russo Oleg Didenko como solista, será apresentada a Sinfonia n.º 5, sempre com Orquestra Acadêmica de São Paulo. "A orquestra, sim, é formada por profissionais. Temos uma base de 40 artistas e, para cada concerto, há convidados. Neste, por exemplo, teremos Peter Apps, primeiro oboé da Osesp, e Gabriel Marin, violista que já foi chefe de naipes da OSB e começou com a gente."

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