Campinas corta apoio para Confraria da Dança

A nova prefeitura da cidade paulista cortou o apoio da companhia de dança formada em 1996. Sem a ajuda, a Confraria depende da ajuda privada para manter a programação de espetáculos e workshops

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Por Agencia Estado
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Em 1996, um grupo de bailarinos independentes resolveu se unir e pôr em prática um projeto: transformar um velho galpão num espaço organizado e equipado, tanto para ensaios quanto para apresentações. A idéia, um tanto conhecida, nasceu em Campinas, interior de São Paulo, e teve um diferencial - contou com o apoio da prefeitura. Mas só até o fim do ano passado. A Confraria da Dança é um grupo independente, sem patrocínio e, agora, sem apoio. "Em abril de 1996 ganhamos um Prêmio Estímulo, o que incentivou a prefeitura a apoiar o nosso projeto. Conseguimos alugar um galpão porque, até então, não tínhamos como ensaiar", conta a diretora Diane Ichimaru. Com o galpão e o apoio da prefeitura, a trupe conseguiu criar condições para ensaios e espetáculos de diversas áreas. "Colocamos equipamento de som, iluminação, abrimos as portas para artistas de teatro e música, conseguimos organizar uma agenda com uma programação semanal, o que também serviu para a formação e educação da platéia", lembra. O convênio com a Secretaria garantiu a manutenção de oficinas, como a Oficina de Montagem de Dança que seleciona grupos por aulas práticas - os artistas da Confraria trabalham o processo de criação e no fim do ano há uma apresentação das peças, como ocorreu no ano passado com Querência. Também são realizados workshops durante todo o ano. Também compareceram ao galpão grupos internacionais e de brasileiros que moram no exterior, como a coreógrafa Denise Namura, que recentemente criou para o Balé da Cidade de São Paulo. "Conseguimos que um terço das apresentações fossem estréias de espetáculos, isso porque criamos condições viáveis: os grupos pagam R$ 120,00 para a utilização do espaço, da iluminação, do som, tem apoio para a montagem e o serviço da assessoria de imprensa." Com a troca de prefeitos, o apoio se foi. "A nova administração argumenta que há espaço suficiente na cidade e não tem necessidade de apoiar o projeto", explica a diretora. Com a verba da prefeitura, o grupo conseguia pagar o aluguel do galpão. "Conseguimos sobreviver com a bilheteria e venda de espetáculos, mas se obtivermos um patrocínio poderemos desenvolver ainda mais nossas atividades e também novas coreografias." Como patrocinar - Para manter a Confraria é necessário um investimento de R$ 3.500,00 por mês, o que, além de garantir a manutenção da companhia, mantém as apresentações de outros grupos, uma vez que há pouco espaço para os independentes. Os interessados em patrocinar a Confraria da Dança devem entrar em contato com Diane Ichimaru pelo telefone (19) 3236-3423. A Confraria da Dança apresentou Beneditas em São Paulo, no Centro Cultural São Paulo e no Sesc Pompéia, um coreografia criada a partir de impressões e pesquisas sobre a devoção brasileira às santas. Em novembro, eles estréiam um solo, Território Interno, que tem o apoio da Funarte. A trilha sonora fica por conta de Renato Andrade e a direção é assinada pelo dramaturgo mineiro João das Neves.

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