Camerata aberta inicia temporada

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Por João Marcos Coelho
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A Camerata Aberta, único grupo estável do país dedicado exclusivamente à música contemporânea, abre hoje, no SESC-Consolação, sua temporada 2011 com um concerto até certo ponto inesperado, do ponto de vista estético. Depois de um 2010 europeizado, o concerto de hoje, regido por Ricardo Bologna, volta-se para a música contemporânea das Américas. A escolha do repertório, feita por Bologna e o coordenador artístico da Camerata, Sergio Kafejian, contempla dois importantes compositores norte-americanos contemporâneos, George Crumb e John Adams. O primeiro, hoje com 81 anos, assina Eleven Echoes of Autumn (Echoe I), peça que explora, segundo Bologna, "efeitos especiais produzidos com os instrumentos tocados de maneira inusual, em combinações inusitadas". De Adams, de 64 anos, o mais bem-sucedido compositor da atualidade, a Camerata interpreta Son of Chamber Symphony, peça que se pauta por um pulso rítmico nuclear. O argentino Alegando Viñao, 59 anos, radicado na Inglaterra, assina Colisión y Momento, que mostra afinidades com o pós-minimalismo de Adams. Dois brasileiros completam o programa. Tutti, de Felipe Lara, 31 anos, pesquisa o timbre na linhagem de Crumb; e os Cadernos de Berlim 3, de Marcos Mesquita, 51 anos, brincam com o popular e o erudito, homenageando, na instrumentação, a célebre História do Soldado, de Igor Stravinski.Mesmo ganhando em 2010 todos os prêmios, recebendo aprovação unânime e uma média de público bastante boa em sua primeira temporada, a Camerata Aberta já convive já este ano com uma redução de 30% em seu orçamento. "Optamos por reduzir em 30% também o número de concertos e manter a qualidade", diz Kafejian. Assim, os 10 concertos de 2010 viraram 7. Guillaume Bourgogne, o regente francês que fez um trabalho impecável com os 15 músicos da Camerata ano passado, retorna em maio, junho e dezembro; Feliz Krüger em setembro e Joel Sachs em agosto (este da Juilliard School de Nova York) também vão comandar o grupo ao longo de 2011. Tomara que a redução de verba não signifique o esvaziamento gradativo da Camerata. Efeito cruel: encomendas de novas obras a jovens compositores brasileiros, por exemplo, foram adiadas. Seria uma miopia cínica e perversa pisar no freio de um projeto tão vitorioso como este e condenar os músicos jovens (e o público) a ter acesso apenas à música de museu, do passado.CAMERATA ABERTASesc Consolação. Rua Dr. Vila Nova, 245, Vila Buarque, tel. 3234-3000.Hoje, 21 horas. R$ 10

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