Caleidos faz da arte educação e da educação arte

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Por Agencia Estado
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Em 1996 surgiu uma idéia: fazer arte com educação e educar com arte. Nessa época, Isabel Marques fazia seu doutorado na faculdade de Educação e resolveu pôr seu projeto em prática. Para isso reuniu um grupo de bailarinas vindas da Unicamp, que a partir das técnicas de Rudolf Laban e dos teóricos Paulo Freire e Ana Mae Barbosa criaram o Caleidos. O grupo cresceu, tomou forma e em 1998 mudou de nome, passou a se chamar Caleidos Cia. de Dança e Educação. Agora, o grupo ganha sede própria, na Rua Pio XI, 1.497, tel. (0--11) 3021-7510. "Partimos do tripé arte, ensino e sociedade. Não queremos escolarizar a dança, nossa meta é ficar no ponto de encontro entre a arte e o ensino", explica Isabel Marques, mentora e diretora do Caleidos. Para ela, é importante levar às pessoas a arte com responsabilidade social. "Os espetáculos são educativos, sem, contudo, deixar de explorar o lado criativo das pessoas." O Caleidos coloca em contato artistas, professores e leigos com a arte e educação. "A proposta está voltada também para a reflexão e contextualização da arte em seus diversos aspectos como a crítica, a estética, a filosofia e a história, entre outros. Podemos ensinar gafieira, mas estabelecendo as relações que esse estilo de dança tem com a sociedade. O mesmo vale para dança do ventre, por exemplo, a sua história, os movimentos e todo o universo que a envolve são levados em consideração no ato de dançar." Na prática, as idéias são efetuadas em três frentes, por meio de cursos e eventos. O Projeto Dança-Escola procura aprofundar o ensino da dança engajada com a cidadania. "Esse é um grupo teórico de dança e didática. E para complementar o trabalho há o evento Boca no Mundo, um espaço para o professor, principalmente aquele da rede pública, contar experiências e apresentar o que está fazendo." Caia na Arte dá ênfase à criatividade e à interpretação do corpo e da palavra. Há um diálogo entre o fazer, a apreciação e a reflexão. "Esse é um processo de fruição. Estabelecemos fronteiras entre o repertório, a cultura que o envolve e como relacionar essa dança em seu contexto - não se pode ficar apenas na repetição dos passos. O flamenco pode ver visto como um exemplo: é importante que as pessoas busquem as idéias que estão envolvidas nesse tipo de dança, em que época surgiu e as mudanças que sofreu." Um dos pontos altos desse curso é o questionamento da maneira de construir a arte. A atividade que o complementa é Quinta das Artes, um espaço destinado a quem ainda está na experimentação e quer mostrar sua pesquisa. "Aqui, o circuito está aberto para música, teatro, poesia, enfim, é uma conversa com várias áreas." E o Espectro é um diálogo com quem estuda a arte. "O pesquisador é uma figura muito solitária, e essa é uma oportunidade de compartilhar, discutir o seu estudo acadêmico com o público." Faz parte desse curso o Diálogos com Quem Faz Arte, uma troca entre artistas. O Caleidos já proporcionou a mais de 6.700 pessoas o contato com esse jeito diferente de pensar a arte e a educação por meio de uma instituição diferente de ensino.

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