Brasil vai à Bienal de Arquitetura de Veneza

Favelas - Upgrading é o tema dos 23 projetos de transformação social das favelas que o Brasil mostra em Veneza

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Por Agencia Estado
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Modesta, abdicando de duas instalações que se pretendia expor na mostra, a representação brasileira apresenta neste sábado na Bienal de Arquitetura de Veneza o que o Brasil tem feito para mudar a realidade das favelas do País. Sem as instalações do cenógrafo José de Anchieta e do camaronês Pasquale Tayou, que estavam previstas para acompanhar a exposição no Pavilhão do Brasil, o País teve de dar um jeitinho para montar uma favelinha na parte externa do pavilhão, improvisada pelo presidente da Fundação Bienal, o arquiteto Carlos Bratke. Com o tema Next (próximo, em inglês), a 8.ª Mostra Internacional de Arquitetura (nome oficial da exposição) abre-se sábado, para convidados, e domingo para o público, nos Jardins do Castelo, em Veneza. Espremida pelo orçamento curto, a organização levou apenas quatro representantes à cidade italiana: o presidente da fundação, Carlos Bratke e os conselheiros Pedro Curi e Ricardo Ohtake, além da curadora Elizabete França. O Brasil apresenta 23 projetos de transformação em favelas para a Bienal de Arquitetura. Nenhum deles traz conceitos mirabolantes nem delírios de alumínio, vidro e concreto que se tornaram tão comuns na arquitetura moderna. São intervenções cuidadosas que resultaram em melhoria na qualidade de vida de comunidades brasileiras e estão expostas em dois módulos. "O tema da mostra atraiu projetos de alta tecnologia, high tech, instalações que gastaram milhares de dólares para serem montadas", disse a também curadora da mostra, Glória Bayeux, em São Paulo. "A nossa exposição é muito singela, e chama a atenção justamente por esse lado", afirmou. A mostra do Brasil está dividida em dois módulos no pavilhão do País, construído na década de 50. "No primeiro módulo, estão painéis fotográficos de profissionais como André Cypriano e Lalo de Almeida, que ilustram a realidade, o cotidiano", disse Glória. "No segundo, estão os projetos de transformação que foram selecionados." O critério para a escolha dos arquitetos que estarão representando o Brasil, segundo Elizabete França, foi definido por um período de tempo. "Escolhemos apenas projetos que tinham sido implantados nos últimos cinco anos e que se diferenciam dos outros pela integração com outros setores, pela tentativa de resolução de problemas conexos, como a busca por novas situações de emprego", disse ela. A questão da transformação de favelas no Brasil desafia urbanistas e políticas urbanas. Segundo o IBGE, são 5 milhões de pessoas vivendo em favelas no País. De acordo com a Fundação João Pinheiro (MG), são 5,4 milhões. Na edição de 2000 da mostra italiana, o Brasil foi representado por João Filgueiras Lima, o Lelé, e Paulo Mendes da Rocha, e o tema era Arquitetura, Cidade e Território. Agora, os projetos estão reunidos sob o tema geral Favelas ? Upgrading. O Brasil é um dos poucos países que têm espaço exclusivo no evento, uma construção de 240 metros quadrados situada na histórica sede dos Jardins do Castelo, na margem oriental de Veneza. O novo curador-chefe da mostra 2002 é Deyan Sudjic. A idéia é mostrar novas técnicas construtivas, novos materiais e soluções. Experimentações como a do arquiteto japonês Toyo Ito, que trabalha com alumínio, aos materiais de revestimento do escritório Herzog e de Meuron, que parte do desenho digital. No grande espaço da Arsenale (Corderie e Artiglerie), serão expostos 110 projetos, divididos em dez seções. Museus, espaços de trabalho, quarteirões e casas, edifícios públicos e religiosos, transportes, áreas de lazer, área de comércio, espaços de ensino, planos urbanísticos: diversos tipos de temas arquitetônicos serão abordados. Numa das seções principais, por exemplo, serão expostos o projeto do arquiteto italiano Renzo Piano para a sede do "The New York Times"; a forma cônica da Swiss Re Tower de sir Norman Foster em Londres; e a Torre Agbar, projetada por Jean Nouvel em Barcelona.

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