Brasil produz série para o canal Discovery Kids

"Peixonauta", nova cria da produtora TV PinGuim com parceria canadense, será a primeira série do País vendida para a TV estrangeira

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Por Agencia Estado
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Um simpático peixe que, graças a um escafandro cheio d?água, se aventura no mundo seco e no molhado é o primeiro personagem de animação brasileiro que os fãs do Discovery Kids poderão ver na TV. Acostumadas com ótimas, porém sempre estrangeiras, séries, a molecada brasileirinha vai ganhar em 2008 o "Peixonauta". A idéia parece simples, mas exigiu anos de trabalho da TV PinGuim. TV PinGuim? Nunca ouviu falar? Não se admire. Produtoras independentes brasileiras, de cinema e TV, geralmente ficam relegadas aos bastidores. A situação começou a mudar em 2005, quando uma ofensiva liderada pela Secretaria do Audiovisual e pela Associação Brasileira de Produtores Independentes de TV, em parceria com Sebrae e Agência de Promoções de Exportação (Apex), começou a promover o Brasil e fechar negócios com diversos países em eventos como o MipCom, maior mercado de TV do mundo, que ocorre nesta semana em Cannes. A TV PinGuim é uma das produtoras de animação brasileira de maior destaque no exterior, responsável por várias séries de vinhetas para o Cartoon Network e vencedoras de prêmios em festivais como Animamundi e New York Festival. Em setembro, foi uma das homenageadas do International Animation Festival, em Otawa. "Peixonauta" (Fishtronaut em inglês) tem orçamento digno de cinema, US$ 4,8 milhões, e terá 52 episódios de 11 minutos cada. A novidade é que, além de ter sido vendida para a Discovery Kids, está sendo produzida em parceria com a Nelvana, a mais importante produtora de animação do Canadá. Além de "Peixonauta", a TV PinGuim tem outro projeto em andamento: "Magnitika", outra co-produção com a canadense VivaVision, com orçamento de US$ 4 milhões e que também deve entrar no ar em 2008. "Loucura. Estamos há tanto tempo com os dois projetos e eles vão acabar ocorrendo ao mesmo tempo", comenta Kiko Mistrorigo, que fundou a TV PinGuim em 1989 com Celia Catunda. Não por acaso, a equipe da TV PinGuim participa do MipCom nesta semana. "Estamos aqui para tentar fechar contrato do ´Peixonauta´ com a Discovery internacional e para a americana", conta Kiko. "Já para o ´Magnitika´ vamos nos reunir com co-produtores canadenses e franceses", diz Celia. O exemplo de co-produção internacional da TV PinGuim é emblemático. "É uma questão de produção interessante porque no Brasil podemos produzir sem ter uma TV exibidora. No Canadá, não. Precisa ter TV em parceria. É uma união perfeita", acrescenta Célia. Kiko lembra: "Temos vantagem. Não somos nem países orientais, que têm mão-de-obra barata mas diferenças culturais imensas com os canadenses; nem os europeus, que têm proximidade cultural, mas com mão-de-obra cara. Temos de tirar proveito disso." E os brasileiros estão provando que não perdem boas oportunidades. Em 2005, a companhia de dança de Ivaldo Bertazzo foi tema do documentário "The Citizen Dancer", co-produção canadense com a brasileira Bossa Nova Filmes, que já tem vários outros projetos em andamento. "Cinema tem glamour. Mas a TV alcança milhões de pessoas em minutos. Além disso, tem um tempo de exibição enorme", comenta Kiko. Próximo passo: convencer alguma TV brasileira a apostar em "Peixonauta".

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