Brasil+500 acumula dívidas com fornecedores

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Por Agencia Estado
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Muitos fornecedores de serviços e equipamentos para a Mostra do Redescobrimento cansaram de ouvir promessas de pagamento e resolveram partir para a cobrança judicial das dívidas. A Associação Brasil 500 Anos Artes Visuais, organizadora da exposição, é alvo de 24 protestos judiciais atualmente em tramitação no Tribunal de Justiça do Estado, movidos por 19 empresas e uma fundação. Algumas companhias estariam enfrentando sérias dificuldades para sobreviver sem o pagamento das altas somas devidas. O total de dívidas acumulado até o momento estaria girando em torno de R$ 1,7 milhão. A associação é uma entidade criada pelo Conselho de Administração da Fundação Bienal de São Paulo, presidida pelo banqueiro Edemar Cid Ferreira. Segundo Luciano Lamano, advogado da Associação Brasil 500 Anos, os fornecedores e prestadores de serviços estão cobrando valores acima dos contratados, o que levou a instituição a recorrer à Justiça. Ou seja, as demandas judiciais, na verdade, partem da própria associação, que tenta evitar protestos de duplicatas das empresas com as quais mantém litígio. A associação alega ainda que todas as demandas têm apoio em liminares e que o dinheiro - no valor dos débitos - está sendo depositado em juízo. A medida, segundo o advogado, tem como objetivo dar tempo para que seja feita uma auditoria (já contratada à empresa PriceWaterhouseCoopers) para examinar as contas das empresas que acionam a associação. Prejuízos - Sonia Rossi, proprietária da Stage Production Resources S/C Ltda, empresa que prestou serviços de iluminação e aluguel de equipamentos para a Mostra do Redescobrimento, informa que a Associação Brasil 500 Anos lhe deve R$ 200 mil. "O mais grave é que esse contrato continua a gerar prejuízos para minha empresa, porque 80% do equipamento que disponho está na exposição e não me deixam retirá-lo para que eu possa alugá-lo para clientes que pagam seus compromissos." A Stage, calcula Sonia, vem acumulando um prejuízo mensal de R$ 30 mil. "Vamos quebrar se a associação der o calote." A empresária afirma que "está configurado um golpe": quando o fornecedor tenta protestar a dívida judicialmente, a Associação 500 Anos entra com medida cautelar para sustar o protesto e ganhar tempo. E ainda, segundo ela, "ameaça arrastar o processo por seis anos". "A alegação feita no pedido de medida cautelar é que o serviço é ruim e que não merece ser pago", diz Sonia. Mas ela indaga: "Se é tão ruim assim, por que eles tentam manter meu equipamento lá dentro, usando até a truculência?" Funcionários - Quando expirou o prazo da notificação para o pagamento, dia 7 de julho, Sonia conta que mandou retirar os equipamentos. "Os seguranças começaram a fazer ameaças e arrancar os crachás de meus funcionários, expulsando-os do local", conta a empresária. Os crachás só foram devolvidos mediante liminar concedida pela Justiça, obtida no dia 11 de julho. "Estou mantendo esses dez funcionários lá porque o equipamento exige técnicos especializados na sua operação e manutenção, não posso permitir que amadores ponham em risco as obras em exibição e a segurança do público", diz Sonia. Apesar disso, afirma, o equipamento foi operado durante três dias (8, 9 e 10 de julho) sem a supervisão de seus técnicos. Algo, frisa ela, "no mínimo temerário". As cobranças judiciais seriam apenas a ponta do iceberg de dívidas acumuladas pela Associação Brasil 500 Anos. Um grande número de fornecedores teria sido intimidado para manter sigilo. Entre eles estariam até mesmo alguns curadores de segmentos importantes da mostra. Além da Stage, as outras empresas que entraram com protesto contra a Associação Brasil 500 Anos, para obter o pagamento de dívidas são: Expomus Exposições Museus Projetos Culturais Ltda. (dois protestos); Antonio A. Nano & Filho Ltda. (dois protestos); Publix Ltda. (dois protestos); Fink São Paulo Ltda. (dois protestos); Laboro Instalações e Montagens S/C Ltda.; Altena Brasil Iluminação Ltda.; Bureal Band Pré Impressão Ltda.; Dorima Construtora e Pavimentadora Ltda.; Cotina Construtora e Pavimentadora Ltda.; Eurobrás Construções Metálicas Moduladas Ltda.; Business Presentation Engenharia de Eventos Ltda.; Agecom Telecomunicações e Eletrônica Ltda.; Agostini & Agostini Ltda. - ME; Prinstarc Engenharia de Ar Condicionado e Construções Ltda.; Cesac BR Assessoria Mercadológica Ltda.; Comercial Polividros Ltda.; Boedral Sociedade Elétrica Hidráulica Ltda.; C&C Outdoors Comunicação Visual Ltda. A Fundação José e Paulina Nemirovsky, instituição cultural criada a partir de uma coleção de obras de arte, também está cobrando judicialmente a associação.

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