BR suspende anúncio de patrocínios culturais

Por conta da crise entre o ministro da Cultura e o secretário de Comunicação, a maior patrocinadora do cinema nacional cancelou o anúncio que faria hoje de 86 projetos aprovados até 2005

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Por Agencia Estado
Atualização:

O anúncio que seria feito hoje pela BR Distribuidora sobre 86 produções cinematográficas com financiamentos aprovados até 2005 foi cancelado, por causa da crise entre o ministro da Cultura, Gilberto Gil, e o secretário de Comunicação, Luiz Gushiken. A empresa está renegociando outros três projetos em fase de avaliação, seguindo normas semelhantes às do edital publicado pela Eletrobrás - que têm o aval de Gushiken - impondo contrapartidas sociais. Essas exigências, segundo o gerente de Marketing da BR, Sergio Bandeira de Melo, são basicamente com relação à contratação de mão-de-obra para a produção, não à orientação sobre o conteúdo da obra, alvo principal das críticas dos artistas. "A contrapartida social, perto do que custa uma produção cinematográfica, é uma bobagem. Um dos exemplos é a contribuição para o programa Primeiro Emprego, com a contratação de estagiários para auxiliar na produção. Não existe imposição sobre conteúdo, apenas uma recomendação, que pode ser seguida ou não", diz Bandeira, que participou das reuniões para a definição dos critérios para financiamento cultural. A BR Distribuidora, maior patrocinadora do cinema no Brasil, terá novos critérios de financiamento fixados no segundo semestre. Até lá, manterá as liberações dos contratos já firmados, mas não analisará novas produções. O filme Deus é brasileiro, de Cacá Diegues, que iniciou a polêmica em torno das novas normas culturais do governo, recebeu, da BR e da Petrobrás, R$ 2,3 milhões. A participação dos projetos de cinema dentro do montante geral de patrocínios culturais da BR é de 70%. A retomada da produção cinematográfica nacional vem respondendo pelo aumento progressivo do montante de patrocínio da empresa nos últimos anos. Em 1999, a BR liberou R$ 6,1 milhões para projetos culturais; em 2000, R$ 19,9 milhões; 2001, R$ 37,3 milhões e, no ano passado, R$ 56,1 milhões. Os recursos financiados para cada longa-metragem variam de R$ 300 mil a mais de R$ 1 milhão.

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